OPINIÃO | JANELAS SUSTENTÁVEIS 30 PERFIL térmico traduz-se numa melhoria significativa da eficiência energética e do conforto térmico e acústico dos edifícios. Para além disso, trata-se de uma das intervenções mais fáceis e rápidas de executar no contexto de reabilitação urbana, sendo muitas vezes o primeiro passo para a renovação energética do edificado. O ENQUADRAMENTO REGULAMENTAR E NORMATIVO A evolução da regulamentação europeia e nacional tem vindo a impor metas mais ambiciosas no que respeita ao desempenho energético dos edifícios. A Diretiva Europeia relativa ao desempenho energético dos edifícios (EPBD), na sua mais recente revisão de 2024, estabelece que os edifícios novos sejam, obrigatoriamente, de zero emissões (ZEB - Zero Emission Buildings) a partir de 2030, e impõe objetivos claros para a renovação do parque edificado existente. Neste contexto, as janelas evoluem de meros elementos passivos para componentes ativos na gestão da energia, da luz natural e da ventilação. As normas europeias definem os requisitos de desempenho para janelas e portas exteriores, incluindo fatores como transmissão térmica (Uw), fator solar (g), permeabilidade ao ar e isolamento acústico. O cumprimento destes requisitos é essencial para garantir que os produtos disponíveis no mercado estão em conformidade com os objetivos climáticos e energéticos. CAMINHO PARA A REABILITAÇÃO EFICIENTE As janelas representam uma solução de reabilitação pouco intrusiva, com elevado impacto no desempenho global do edifício. A sua substituição permite reduzir perdas térmicas, melhorar significativamente o conforto térmico e acústico e reduzir consumos energéticos, sobretudo em edifícios com sistemas de climatização. Os dados do CLASSE+ demonstram que as janelas com classe A+ podem reduzir em cerca de 45% as perdas de energia térmica face a janelas com fraco desempenho. Por isso, é essencial integrar o CLASSE+ nos processos de decisão de reabilitação, seja em candidaturas a financiamento, em projetos de arquitetura ou em obras de melhoria promovidas por condomínios ou particulares. A etiqueta energética facilita a comparação entre soluções, permite comprovar os ganhos energéticos e valoriza os imóveis. JANELAS SUSTENTÁVEIS PARA UM FUTURO CLIMÁTICO MAIS INCERTO Num cenário de alterações climáticas as janelas devem evoluir para garantir maior resistência a fenómenos extremos e maior capacidade de adaptação. Isso inclui o reforço da durabilidade dos materiais, a integração de tecnologias de controlo solar dinâmico, vidros inteligentes, ventilação natural controlada e soluções que favoreçam o conforto adaptativo. A sustentabilidade das janelas também passa pela sua reciclabilidade, pela menor utilização de materiais com elevado impacto ambiental e pela adoção de processos de fabrico com menor consumo energético. Estas dimensões vão ganhando relevo no setor e deverão tendencialmente ser incorporadas nos critérios de etiquetagem, classificação e seleção de produtos, aspeto a que o CLASSE+ não será alheio em futuras evoluções. O CLASSE+ COMO REFERÊNCIA NOS PROGRAMAS DE APOIO À REABILITAÇÃO ENERGÉTICA O sistema de etiquetagem energética CLASSE+ tem sido também uma ferramenta de suporte técnico relevante na operacionalização dos apoios públicos, como o Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis (PAESM) e o Programa Vale Eficiência (PVE). Estes programas têm incentivado intervenções de melhoria do desempenho energético no parque edificado nacional, sendo a substituição de janelas ineficientes uma das tipologias de investimento mais procuradas. Até maio de 2025, no âmbito destas iniciativas, foram submetidas 25.976 candidaturas para a substituição de janelas, correspondendo a uma área total intervencionada de 236.889 m2. Destas, 21.289 candidaturas dizem respeito a janelas com classe energética A+ (215.399 m2), enquanto 4.687 candidaturas foram referentes a janelas com classe A (21.490 m2). Foram apoiadas cerca de 118.010 janelas, das quais 103.949 com classe A+ e 14.061 com classe A. Em termos de materiais, a maioria das janelas instaladas com classe A+ é em PVC (91.172 unidades), seguindo-se as de alumínio com corte térmico (12.687) e, em menor número, as de madeira ou outros materiais (90). Estes dados do CLASSE+ demonstram a confiança dos cidadãos na etiqueta CLASSE+ como referência de qualidade e eficiência, bem como a relevância do sistema na concretização dos objetivos nacionais de descarbonização e sustentabilidade do setor dos edifícios. CLASSE+: um ecossistema de confiança e inovação O CLASSE+ não é apenas uma ferramenta de etiquetagem, mas um verdadeiro ecossistema de confiança e inovação. Trabalha em articulação com fabricantes, instaladores, projetistas e entidades públicas para incentivar um mercado mais qualificado e transparente. A adesão voluntária das empresas, que já ultrapassam as 700 entidades registadas, demonstra a crescente valorização da diferenciação e do compromisso com a qualidade.
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