BJ25 - Novoperfil Portugal

“Uma grande parte dos edifícios em Portugal é antiga, apresenta fraco desempenho energético e não está preparada para resistir a fenómenos climáticos extremos, como ondas de calor, secas ou inundações” ESPECIALISTA EM... Estruturas com resiliência climática em Portugal Alexandra Costa PERFIL 48 Como classifica Portugal no que concerne as estruturas com resiliência climática? O termo 'estruturas' é muito vago e temos aqui toda uma enorme variedade de estruturas de construção que, obviamente, têm fragilidades grandes relativamente à sua resiliência climática. Estou a pensar no edificado, onde a ocorrência de eventos meteorológicos extremos poderá afetar zonas de construção ou outro tipo de estruturas, por exemplo, nas zonas litorais. Em todas as áreas de construção de estruturas de defesa do litoral, desde pontões às zonas portuárias, às zonas que permitem que não haja galgamento de ondas (que, com a subida do nível do mar e com as tempestades são mais frequentes) essas estruturas também têm problemas de resiliência. Se calhar vale a pena focarmo-nos, dentro do edificado, num especto particular, que é o facto de Portugal ter vindo a desenvolver estratégias com vista a aumentar a eficiência energética do seu parque edificado, nomeadamente através do Plano Nacional de Energia e Clima, da estratégia de longo prazo para a renovação de edifícios e também dos planos de combate à pobreza energética. Mas a verdade é que a aplicação prática destas medidas está ainda muito limitada e desigual. Ou seja, uma grande parte dos edifícios em Portugal é antiga, apresenta fraco desempenho energético e não está preparada para resistir a fenómenos climáticos extremos, como ondas de calor, secas ou inundações. E, portanto, apesar de alguns avanços, o país continua a enfrentar desafios importantes para assegurar que as estruturas edificadas se tornem verdadeiramente resilientes, e estamos a falar de investimentos enormes, quer do ponto de vista da proteção e salvaguarda da própria estrutura, quer da garantia para o utilizador (ou seja, os residentes e serviços, quem utiliza as edificações e outras estruturas), que elas continuam funcionais. Neste contexto, temos identificadas as vulnerabilidades das estruturas, e aqui realmente as cheias e o aumento de temperatura com as ondas de calor e as secas surgem no topo das preocupações, tal como o aumento do nível do mar. Mas do ponto de vista das nossas respostas, ainda não estamos a fazer investimentos sem ser de manutenção, e não de resiliência para muitos destes casos em que as alterações climáticas estão a afetar determinadas estruturas. Portanto, os verdadeiros investimentos estruturantes de fundo ainda estão por resolver. Francisco Ferreira, presidente da Zero Professor na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa Engenheiro do ambiente, investigador e ativista ambiental.

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