BJ6 - Novoperfil Portugal

43 PERFIL JANELAS EM PORTUGAL | PERSPETIVAS PARA 2022 o setor das janelas, enquanto parte integrante deste elemento, atravessa uma fase de adaptação a uma nova realidade, mais exigente e inovadora. A MUDANÇA DO PARADIGMA DAS JANELAS EM PORTUGAL Os desafios com que nos deparamos a nível global, nomeadamente com o aparecimento da pandemia de Covid- 19, vieram acelerar uma mudança que já estava emmovimento. Uma cultura que procura ir mais longe no que toca à exigência de tecnologias e materiais eficientes, proporcionando conforto e qualidade de vida à sociedade, em harmonia com o meio ambiente. Os edifícios, e em particular os ele- mentos da sua envolvente, não ficam de fora nesta evolução iminente. Em Portugal, há cerca de 10 anos eram comuns soluções que hoje são consi- deradas impensáveis para cumprir as metas estabelecidas a nível de redu- ção de emissões de gases poluentes. No caso das janelas, uma caixilharia metálica sem corte térmico e de vidro simples tinha, em 2015, umCoeficiente de transmissão térmica Uw médio de 4,48 W/m 2 °C, enquanto tipologias idênticas com corte térmico e vidro duplo apresentavam um valor de Uw médio de 1,91 W/m 2 °C, em 2020. Comparativamente, soluções de PVC com vidro duplo instaladas em 2015 atingiram um valor de Uw médio de 2,15 W/m 2 °C quando em 2020 a mesma tipologia já conseguia alcan- çar um valor de 1,80 W/m 2 °C. Ambos os casos refletem uma evolução a nível dos materiais das janelas, com o aparecimento de soluções com uma capacidade de isolamento térmico cada vez maior. Embora se tenha verificado uma evo- lução percetível a nível de materiais com características superiores, o cená- rio atual no País ainda tem um longo caminho a percorrer, como evidencia a dominância de vãos com vidro simples emmais de 50% do parque edificado (habitação, comércio e serviços). Esta realidade é um alerta para a necessi- dade – e oportunidade – da renovação das habitações no que toca a esta componente envidraçada, essencial à melhoria da eficiência energética. De facto, pela análise das medidas de melhoria que constamnos Certificados Energéticos (SCE) em 2020, cerca de 22% incidem na substituição de vãos envidraçados. Em paralelo, também a revisão da legislação, com a publicação do Decreto-Lei n.º 101-D/2020 leva à imposição de requisitos que permitam alcançar elevados níveis de desem- penho energético, contribuindo para as metas definidas de neutralidade carbónica. Embora esta revisão não estabeleça novos valores máximos para os parâmetros como os coeficientes de transmissão térmica superficiais dos vãos envidraçados (Uw máx. W/m 2 °C), e fator solar dos vãos envidraçados (g máx.), prevê outros requisitos que incidem na instalação destas solu- ções. De facto, a instalação tem um papel fundamental para garantir os benefícios associados a janelas com bons materiais. Nesta nova redação é previsto que as obras de instalação das envolventes envidraçadas sejam realizadas por entidades habilitadas que cumpram as leis e os regulamen- tos aplicáveis, sendo ainda previsto que os componentes devem cumprir as normas e a legislação em vigor e, sempre que aplicável, o indicado no projeto, as instruções de montagem definidas e a arte da boa execução. Neste sentido a iniciativa CLASSE+ ( www.classemais.pt), d a ADENE - Agência para a Energia foca a sua missão no apoio a escolhas mais infor- madas que permitam alavancar esta mudança na direção de soluções mais eficientes, a nível nacional. A etiqueta energética para janelas, constitui assim um instrumento fulcral para agilizar a mudança já em curso. Com a etiqueta CLASSE+, o cidadão fica a conhecer a classificação do desempenho ener- gético, de F (menos eficiente) a A+ (mais eficiente), da janela que pretende adquirir, enquanto temacesso também a toda a informação relevante sobre a janela através de pictogramas que tornam mais claro o significado de cada parâmetro (fator solar, coeficiente de transmissão térmica da janela, ate- nuação acústica, entre outros). Com mais conhecimento, que o CLASSE+ vem proporcionar, é pos- sível alcançar objetivos de conforto térmico e poupança nas habitações, pois a substituição de uma janela vulgar, de vidro simples e sem corte térmico, por uma janela com etiqueta CLASSE+ com classificação 'A+', pode levar à redução de pelo menos 50% das perdas de energia associadas. Assim, o esclarecimento do cidadão é o primeiro passo para promover um aumento da eficiência energética no parque edificado. Adicionalmente, e em particular no que toca à reabilitação, é também importante a implemen- tação de instrumentos de política pública que incentivem, estimulem e cofinanciem a mudança do para- digma atual. Neste sentido, o mais recente pro- grama que permite o financiamento de medidas de melhoria que promo- vem o conforto térmico da habitação é a iniciativa 'Vale Eficiência', do Fundo Ambiental. Este Programa, que se enquadra no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal, surge como uma medida para combater a Carolina Costa.

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