ENTREVISTA 47 PERFIL Como surgiu o interesse pela Engenharia? A formação em engenheira foi algo quase “natural” pois sempre gostei das áreas mais técnicas. Além disso, sempre fui focada na solução e julgo que esse é o perfil de qualquer pessoa para ser engenheira, além de um gosto enorme em estar sempre a aprender. O que a fez dedicar mais atenção à área da construção sustentável? Foi uma área que “veio” até mim, através de participação em congressos sobre construção sustentável, e também por ter começado a lecionar sobre o tema. Em Portugal, como estamos emmatéria de construção sustentável? Já estamos numa fase em que o promotor e o cliente final querem que os seus projetos tenham tendencialmente materiais mais naturais e “amigos do ambiente”. Quando questionados sobre o que gostariammais - uma casa sustentável ou uma casa convencional -, julgo que a maioria iria eleger a primeira opção. Além disso, a legislação tem vindo igualmente a promover a escolha de soluções sustentáveis, nomeadamente o uso de energias renováveis, e a comunicação social também tem feito um ótimo trabalho na divulgação de soluções, bem como em apresentar possibilidades dentro desta área. Este tipo de construção vai ser uma tendência cada vez maior no futuro? Julgo que sim. Tem que ser e a nível europeu é um tipo de construção que já está muito implementado. Como as empresas em Portugal podem adaptar-se a esta nova realidade da construção sustentável? As empresas já têm as soluções no mercado, pelo menos europeu, por isso a adaptação é mesmo uma evolução. Temos que analisar os edifícios de uma forma global, não apenas o investimento inicial. A sua utilização, manutenção e operação são muito relevantes na escolha de soluções. Sobre a construção da primeira casa de cortiça na região da Guarda, como surgiu a ideia e o que implementou de diferente a nível da escolha dos materiais de construção? O projeto começou quando me apaixonei pelo local e por considerar a hipótese de ter uma casa na Serra da Estrela. A solução surgiu com base no que já tinha utilizado noutra casa que construí, em Peniche, mas com as respetivas adaptações. No caso da Guarda, mais concretamente em Famalicão da Serra, o projeto teve a aprovação do Município para realizar as fachadas revestidas a cortiça, o que não tinha acontecido em Peniche. Ainda foi aplicada pelo interior mais cortiça, antes do revestimento final, que será emOSB. Localizada em Famalicão da Serra, a primeira casa de cortiça da região é resistente ao fogo, mantém a temperatura regular no verão e inverno e beneficia da energia solar para abrir e fechar janelas.
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