BJ14 - Novoperfil Portugal

ENTREVISTA 48 PERFIL Já as instalações sanitárias serão revestidas emPVC reciclado 100% impermeável. A ideia é que a casa não necessite de muita manutenção, dado que o seu uso será esporádico. Qual foi a reação da equipa que a ajudou na construção da casa? Tinham conhecimento destes novos materiais? Inicialmente ficaram apreensivos pois não conheciam os materiais, mas na realidade tornou os trabalhos muito mais simples e limpos, em especial nas instalações prediais. Até já existe mesmo quem queira fazer uma casa do mesmo tipo. Qual a sua opinião sobre o conceito de Passive House? Há espaço de crescimento em Portugal? As casas têm que ser o mais passivas possíveis, ou seja, sem necessidade de diversos equipamentos para aquecimento e arrefecimento. Está provado que é possível ter casas assim com o nosso clima. As pessoas, além de utilizarem as suas casas, têm de perceber e funcionar com elas, perceber o seu funcionamento. O que a levou a escrever o livro “Da Manutenção Preventiva à Gestão Sustentável de Edifícios”? Comecei a lecionar uma unidade curricular sobre Conservação e Manutenção Preventiva de Edifícios no mestrado de Conservação e Reabilitação do Edificado da ESTBarreiro/Instituto Politécnico de Setúbal. Na altura, verifiquei que a bibliografia existente estava muito relacionada com os equipamentos dos edifícios e nunca se tinha abordado a componente construtiva. Além disso, os alunos começaram a desenvolver um plano de manutenção de edifícios públicos, tendo verificado que nenhum desses edifícios tinham qualquer informação relativa à manutenção dos mesmos. Assim, considerei que seria importante sistematizar a informação. Nesse momento tive um aluno que efetuou o trabalho de projeto deste mestrado sobre a Biblioteca Nacional de Portugal. Espero passar esse exemplo também a livro para ter um exemplo prático sobre como o fazer. Quais os seus planos a curto e a longo prazo? Neste momento estou a coordenar o BUILD2050, um projeto europeu com seis instituições de ensino superior da Europa, de um piloto de formação, com oito cursos de curta duração (25 horas por curso divididas em cinco horas/ semana), sobre os temas que se consideram necessários para os edifícios que se pretendem descarbonizados até 2050. Tem sido uma experiência incrível, tanto que em cada curso existem formadores e formandos (a maioria profissionais) de vários países da Europa. A longo prazo, considero que temos que pensar as casas/ edifícios como focados para as pessoas, ou seja, humanizados. Costumo dizer que temos três casas: o nosso corpo, o planeta e a casa que construímos, que veio criar uma separação entre nós e o ambiente natural. Por isso, temos de ter casas que sejam mais adaptadas às necessidades das pessoas, que não criem barreiras à nossa ligação com o ambiente natural. Porque a nossa saúde e o nosso bem-estar estão diretamente relacionados com os edifícios. Estou a começar a “desenhar” projetos de investigação e formação que se foquem mais nessas áreas, bem como a capacidade de os edifícios serem resilientes tanto à mudança da tipologia e frequência de uso ( julgo que depois da pandemia existiu quem verificasse que a sua casa não estava preparada para tanto tempo seguido de utilização), como às alterações externas não previstas. n COMO SURGIU A IDEIA DE CRIAR O SITE SEIBYSUSANA.COM? A ideia para o site surgiuno seguimento de umcurso sobre negócios sustentáveis que fiz em Bolonha, em 2016. Fiz a apresentação do trabalho que tinha efetuado no segundo doutoramento sobre gestão sustentável em instalações desportivas e uma colega sugeriu que a informação fosse disponibilizada num site dedicado ao tema. Em 2017 apareceu o site, uma plataforma online de sustentabilidade, saúde, engenharia e inovação, que atualmente disponibiliza informação sobre todas estas temáticas.

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