Nas estratégias a adotar é imperativo ter em conta planos para a renovação dos edifícios, tendo especial atenção à envolvente das habitações, uma vez que é dos elementos que mais influencia o consumo de energia, sendo responsável, em média, por 25% do total de consumo energético de um edifício residencial. Neste contexto, o setor das janelas, enquanto parte integrante deste elemento, atravessa uma fase de adaptação a uma nova realidade, mais exigente e inovadora.
Os desafios com que nos deparamos a nível global, nomeadamente com o aparecimento da pandemia de Covid-19, vieram acelerar uma mudança que já estava em movimento. Uma cultura que procura ir mais longe no que toca à exigência de tecnologias e materiais eficientes, proporcionando conforto e qualidade de vida à sociedade, em harmonia com o meio ambiente.
Os edifícios, e em particular os elementos da sua envolvente, não ficam de fora nesta evolução iminente. Em Portugal, há cerca de 10 anos eram comuns soluções que hoje são consideradas impensáveis para cumprir as metas estabelecidas a nível de redução de emissões de gases poluentes. No caso das janelas, uma caixilharia metálica sem corte térmico e de vidro simples tinha, em 2015, um Coeficiente de transmissão térmica Uw médio de 4,48 W/m2°C, enquanto tipologias idênticas com corte térmico e vidro duplo apresentavam um valor de Uw médio de 1,91 W/m2°C, em 2020. Comparativamente, soluções de PVC com vidro duplo instaladas em 2015 atingiram um valor de Uw médio de 2,15 W/m2°C quando em 2020 a mesma tipologia já conseguia alcançar um valor de 1,80 W/m2°C. Ambos os casos refletem uma evolução a nível dos materiais das janelas, com o aparecimento de soluções com uma capacidade de isolamento térmico cada vez maior.
Embora se tenha verificado uma evolução percetível a nível de materiais com características superiores, o cenário atual no País ainda tem um longo caminho a percorrer, como evidencia a dominância de vãos com vidro simples em mais de 50% do parque edificado (habitação, comércio e serviços). Esta realidade é um alerta para a necessidade – e oportunidade – da renovação das habitações no que toca a esta componente envidraçada, essencial à melhoria da eficiência energética. De facto, pela análise das medidas de melhoria que constam nos Certificados Energéticos (SCE) em 2020, cerca de 22% incidem na substituição de vãos envidraçados.
Em paralelo, também a revisão da legislação, com a publicação do Decreto-Lei n.º 101-D/2020 leva à imposição de requisitos que permitam alcançar elevados níveis de desempenho energético, contribuindo para as metas definidas de neutralidade carbónica. Embora esta revisão não estabeleça novos valores máximos para os parâmetros como os coeficientes de transmissão térmica superficiais dos vãos envidraçados (Uw máx. W/m2°C), e fator solar dos vãos envidraçados (g máx.), prevê outros requisitos que incidem na instalação destas soluções. De facto, a instalação tem um papel fundamental para garantir os benefícios associados a janelas com bons materiais. Nesta nova redação é previsto que as obras de instalação das envolventes envidraçadas sejam realizadas por entidades habilitadas que cumpram as leis e os regulamentos aplicáveis, sendo ainda previsto que os componentes devem cumprir as normas e a legislação em vigor e, sempre que aplicável, o indicado no projeto, as instruções de montagem definidas e a arte da boa execução.
Neste sentido a iniciativa CLASSE+ (www.classemais.pt), da ADENE - Agência para a Energia, foca a sua missão no apoio a escolhas mais informadas que permitam alavancar esta mudança na direção de soluções mais eficientes, a nível nacional. A etiqueta energética para janelas, constitui assim um instrumento fulcral para agilizar a mudança já em curso. Com a etiqueta CLASSE+, o cidadão fica a conhecer a classificação do desempenho energético, de F (menos eficiente) a A+ (mais eficiente), da janela que pretende adquirir, enquanto tem acesso também a toda a informação relevante sobre a janela através de pictogramas que tornam mais claro o significado de cada parâmetro (fator solar, coeficiente de transmissão térmica da janela, atenuação acústica, entre outros).
Com mais conhecimento, que o CLASSE+ vem proporcionar, é possível alcançar objetivos de conforto térmico e poupança nas habitações, pois a substituição de uma janela vulgar, de vidro simples e sem corte térmico, por uma janela com etiqueta CLASSE+ com classificação 'A+', pode levar à redução de pelo menos 50% das perdas de energia associadas.
Assim, o esclarecimento do cidadão é o primeiro passo para promover um aumento da eficiência energética no parque edificado. Adicionalmente, e em particular no que toca à reabilitação, é também importante a implementação de instrumentos de política pública que incentivem, estimulem e cofinanciem a mudança do paradigma atual.
Neste sentido, o mais recente programa que permite o financiamento de medidas de melhoria que promovem o conforto térmico da habitação é a iniciativa 'Vale Eficiência', do Fundo Ambiental. Este Programa, que se enquadra no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal, surge como uma medida para combater a pobreza energética e reforçar a renovação dos edifícios nacionais, com a previsão de impacto na redução da fatura energética e da pegada ecológica. À semelhança de outros programas anteriormente lançados, uma das tipologias abrangidas por esta iniciativa é a substituição de janelas não eficientes por janelas eficientes, de classe energética mínima igual a 'A'. Já foram submetidas mais de 4 mil candidaturas, e emitidos 368 vales. Ao abrigo deste programa pretende-se entregar 100.000 'vales eficiência' a famílias economicamente vulneráveis até 2025, no valor unitário de 1.300 €, acrescido de IVA.
Ainda no contexto de financiamento, também o 'Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis', atualmente na 2ª fase, tem um impacto positivo no aumento da procura pela melhoria da eficiência energética, com mais de 30 mil candidaturas recebidas. Neste caso, para os envidraçados as candidaturas apenas são elegíveis quando é feita a substituição de janelas não eficientes por janelas de classe 'A+', sendo que esta intervenção foi das mais procuradas com mais de 30% das candidaturas a incidir nesta tipologia, denotando a grande disponibilidade de investimento que o cidadão tem para a envolvente envidraçada da habitação.
Complementarmente, 2021 foi o ano de lançamento de outro instrumento fundamental para ajudar à concretização desta aposta e investimento em medidas de eficiência energética e melhoria da sustentabilidade nos edifícios, o Portal casA+ (www.portalcasamais.pt). Num único sítio online, o proprietário encontra um conjunto de dados úteis sobre o seu imóvel, reúne informação sobre estes e outros incentivos, tendo ainda acesso a um diretório de empresas de qualidade e confiança, elegíveis às diferentes tipologias de intervenção no âmbito do 'Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis' do Fundo Ambiental. Neste portal, o consumidor contacta de forma direta e ágil com soluções disponibilizadas em mercado pelas melhores empresas e profissionais, em diversas áreas de atuação, dentro da eficiência energética e da eficiência hídrica. É possível solicitar propostas para a implementação de medidas de melhoria e encontrar informação técnica sobre as diversas soluções disponíveis, permitindo ao consumidor realizar uma escolha informada e optar, sempre que possível, por produtos mais eficientes e adequados à sua situação.
A própria evolução do conceito do CLASSE+ prevê a expansão da etiqueta a novos produtos da envolvente dos edifícios. Um dos elementos a destacar são as películas de controlo solar para janelas. Num esforço conjunto entre o IteCons e o IST, em articulação com a EWFA – European Window Film Association, o desenvolvimento da metodologia de classificação destas soluções foi recentemente finalizado, resultando num instrumento que irá permitir informar o consumidor no momento da escolha, alinhando assim com a missão do CLASSE+.
Idêntico à etiqueta energética para janelas, também este instrumento irá realçar através de pictogramas caraterísticas essenciais da película, destacando os benefícios que a mesma provoca numa janela de referência, nomeadamente a nível de redução de consumo de arrefecimento e de conforto térmico no verão, bem como num vidro com a alteração de parâmetros chave, como é o caso do fator solar ou coeficiente de transmissão térmica (Ug W/m2°C). Por outras palavras, de forma clara e acessível para o cidadão, pretende-se que seja disponibilizada a informação necessária para que a comparação entre produtos existentes no mercado mais fácil. Ainda sem data definida, está previsto um eventual lançamento deste instrumento para o ano 2022.
O crescimento do CLASSE+ reflete não apenas a procura da etiqueta por parte dos clientes, mas também uma preocupação por parte do setor que procura cada vez mais ir além dos requisitos na legislação, e contribuir para o aparecimento de soluções inovadoras e de instalações que respeitem as boas práticas. Assim, começa a tornar-se mais evidente o aparecimento de soluções inteligentes que permitem simultaneamente melhores desempenhos dos produtos e maior facilidade na sua utilização.
O crescimento do CLASSE+ reflete não apenas a procura da etiqueta por parte dos clientes, mas também uma preocupação por parte do setor que procura cada vez mais ir além dos requisitos na legislação, e contribuir para o aparecimento de soluções inovadoras e de instalações que respeitem as boas práticas
Os casos de sucesso das empresas aderentes do CLASSE+ são prova viva do crescente compromisso que as empresas têm perante a sustentabilidade dos seus projetos e obras. Estes casos identificam as intervenções que se distinguem pela qualidade e inovação, nos quais as janelas instaladas têm a etiqueta CLASSE+ de classe 'A+'. Com uma grande diversidade de tipologias de janelas, constituídas por soluções de alumínio, madeira ou PVC, com vidros baixo emissivos, laminados entre outros - estes exemplos refletem a direção do setor no sentido da sustentabilidade dos edifícios, indo ao encontro das expectativas dos cidadãos e de uma realidade cada vez mais exigente.
Empresas aderentes como a Tagus PVC, Deleme Janelas, Carpilux, Janela Exótica, My Window e Carvalho&Mota, já deram o seu contributo com a divulgação dos seus casos de sucesso com boas práticas e soluções inovadoras que podem ser consultados no site do CLASSE+ (www.classemais.pt) e nos outros meios de comunicação da ADENE.
A mudança é contínua e palpável, sendo que o setor das janelas tem uma responsabilidade acrescida no que toca ao acompanhamento dos requisitos das soluções envidraçadas que integram diversos programas governamentais de benefícios financeiros, para além de obviamente responderem à legislação em vigor. Iniciativas como o CLASSE+ e Portal CasA+ ajudam as empresas nesta demanda com a classificação voluntária dos seus produtos, facilitando a interpretação por parte dos consumidores nas escolhas mais eficientes.
A evolução está a acontecer e vai numa direção de inovação e sustentabilidade, com uma certeza garantida: as janelas eficientes são o mote para 2022 e para o futuro.
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