Gonçalo Byrne, presidente da Ordem dos Arquitetos (AO), deu as boas-vindas e sublinhou a importância da celebração do Dia Nacional do Arquiteto e o Governo fez-se representar por Ana Catarina Mendes, ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares.
O Dia Nacional do Arquiteto, que se celebra oficialmente a 3 de julho, teve a 12 de julho, a sua cerimónia comemorativa, na Sede Nacional da OA.
O Auditório Nuno Teotónio Pereira encheu-se para celebrar “a função social, a dignidade e o prestígio da profissão de arquiteto em Portugal, assinalando a data de publicação do Estatuto da Ordem dos Arquitetos, a 3 de julho de 1998, assim como a data de revogação do Decreto 73/73 com a publicação da Lei 31/2009, a 3 de julho de 2009”.
Coube ao arquiteto João Afonso a apresentação da homenageada, momento que aproveitou para fazer uma breve resenha da sua vida como estudante, como estudante de arquitetura, como arquiteta, como cidadã envolvida em várias causas e como responsável por diversos cargos públicos ao longo da sua vida, permanentemente dedicados à intervenção pública e à questão da habitação.
“A ação, sempre a ação”, lembrou o arquiteto João Afonso, foi sempre o mote com que conduziu a sua vida, destacando ao longo do que considerou ser uma “biografia comentada”, os vários momentos marcantes da sua atividade e do seu impacto concreto na vida das pessoas. Recordou a importância da família, dos seus estudos, do seu envolvimento cidadão e político, mas lembrou, com humor, o dia em que decidiu usar calças, “conjugando a moda e a rebeldia”, bem como o facto de ter tirado a carta de condução aos 40 anos e aos 60 ter passado a deslocar-se de bicicleta.
Num registo mais sério, recordou o importante papel do arquiteto Nuno Portas no seu percurso da sua passagem pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, o impacto das cheias de Lisboa para a perceção da importância da qualidade de vida dos cidadãos. Foi o primeiro embate com o regime fascista que vigorava então.
Enfatizou a “sua perseverança política”, seja quando esteve no PPD de Sá Carneiro, quando foi deputada pelo PSD ou pelo PS, quando foi presidente da CM de Cascais, ou quando já fora dos dois grandes partidos do pós-25 de Abril ainda encontrou forças para organizar um movimento de cidadãos através do qual assumiu, após acordo com o PS, a vereação da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa.
Recordou os tempos em que juntos estiveram na OA, a homenagem que fizeram a Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas e Manuel Tainha, os combates na União Internacional dos Arquitetos, momentos onde deram força ao “contributo cultural e social da arquitetura, bem como à sua dimensão política”. Reeditaram a Arquitetura Popular em Portugal e fizeram o Inventário da Arquitetura Portuguesa do Século XX, bem como a petição ‘Arquitetura para Todos’, que recolheu 55 mil assinaturas e a Iniciativa Legislativa “A Arquitetura é um Direito dos Cidadãos”, subscrita por 30 mil cidadãos, e que, no mandato seguinte, levou à revogação do decreto 73/73.
Helena Roseta, visivelmente emocionada, começou por dizer que não se sente “à vontade no papel de homenageada”, dizendo que prefere “homenagear os outros” e citou José Mário Branco para lembrar veio de longe e que andou muito para aqui chegar.
Considera-se “uma arquiteta não praticante” e devedora a todos os que contribuíram para a pessoa que é. Aos presentes mostrou-se feliz pelo seu trajeto e lembrou “a importância da relação entre as pessoas, as relações de amizade que estabelecem e o resultado que isso produz”, não só na sociedade, mas também no desenho de todo o seu caminho.
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