Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes - ANFAJE
Informação profissional sobre a Envolvente do Edifício

Com 2030 cada vez mais perto, o que está a ser feito para cumprir as metas europeias de sustentabilidade dos edifícios?

Sónia Ramalho27/04/2023

São várias as metas definidas pela União Europeia para promover a sustentabilidade dos edifícios e 2030, um dos primeiros prazos para o cumprimento desses objetivos, começa a aproximar-se rapidamente. Falámos com especialistas que revelam o que está a ser feito em Portugal, em que medida até somos considerados um país ‘early adopter’ e os desafios que se colocam ao setor da construção.

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A União Europeia (UE) definiu uma série de metas e políticas com o objetivo de promover a sustentabilidade na construção de edifícios, nomeadamente uma redução das emissões de CO2 dos edifícios em 60% até 2030 relativamente aos níveis de 2015, com o objetivo de atingir uma neutralidade climática em 2050.
Outra das metas passa por uma redução em 27% no consumo de energia dos edifícios até 2030, comparativamente aos níveis de 2005, bem como um aumento do uso de fontes renováveis de energia. Ou seja, até 2030 cerca de 32% da energia usada nos edifícios deverá ser proveniente de fontes renováveis. Foi ainda estabelecida uma meta de aumentar a eficiência energética dos edifícios em 32,5% até 2030, comparativamente aos níveis de 2005 e de reduzir o consumo de energia primária dos edifícios em, pelo menos, 32,5% até 2030.

Como passar da teoria à prática?

Para atingir estas metas foram implementadas várias iniciativas, como a Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD), a Estratégia de Renovação Energética de Edifícios (BRES), o Programa Horizonte Europa e o Plano de Ação para a Economia Circular, que visam promover a adoção de tecnologias e práticas mais sustentáveis na construção dos edifícios, bem como incentivar a renovação e melhoria da eficiência energética dos edifícios existentes.
“Os edifícios representam 40% da energia consumida e 36% das emissões diretas e indiretas de gases com efeito de estufa (GEE) relacionadas com a energia na UE. O principal objetivo da revisão da diretiva de desempenho energético dos edifícios é tornar todos os novos edifícios com emissões nulas até 2030, alargando essa meta a todos os edifícios existentes até 2050”, explica João Poças Martins, R&D Diretor do Built CoLAB, o Laboratório Colaborativo para o Ambiente Construído do Futuro e que promove a transição digital e climática dos edifícios e infraestruturas, tornando-os adaptáveis, inteligentes, resilientes e sustentáveis.
“Em Portugal, a Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios (ELPRE) propõe uma poupança de energia primária de 11% até 2030 e de 34% até 2050 nos edifícios e o aumento significativo da área renovada. Além destas medidas especificas para o sector da construção e para o ambiente construído, todos os setores económicos são responsáveis por limitar a extração de recursos naturais, mas acima de tudo por reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (entre outros). Neste caso, existem metas globais a atingir, quer a nível Europeu (por exemplo o Pacto Ecológico Europeu), quer a nível Nacional (com a Lei de Bases do Clima)”, lembra João Poças Martins.
“Dada a importância do ambiente construído na extração global de matérias-primas e nas emissões de gases de efeito de estufa, facilmente se percebe a necessidade de o setor da construção limitar tais impactos, dando o seu contributo para atingir as metas traçadas”, refere Marco Pedrosa, Head of Sustainability do Built CoLAB.

E em Portugal, como estamos a nível de cumprimento de metas?

Portugal tem feito progressos na melhoria da eficiência energética dos edifícios, mas ainda há muito a ser feito para atingir as metas definidas pela UE. Segundo o relatório de 2020 da Comissão Europeia sobre o desempenho energético dos edifícios na UE, Portugal apresentou uma melhoria de 22,8% no consumo de energia em edifícios entre 2005 e 2018, um valor superior à meta nacional de 22,2% estabelecida pela UE para 2020.
“Portugal tem vindo a seguir as tendências europeias, e muitas das vezes, a poder mesmo ser considerado como um ‘early adopter’ em termos de regulamentação de resíduos e de emissões de gases de efeito de estufa. No entanto, só muito recentemente o setor começou a interiorizar os conceitos de sustentabilidade ambiental e, como tal, ainda há um longo caminho a percorrer no sentido de baixar os impactos associados ao setor, dando assim o seu contributo para a diminuição global de impactos”, lembra Marco Pedroso.
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“A publicação do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC 2050) e do Regulamento Geral de Gestão de Resíduos (RGGR), a revisão da Estratégia Nacional das Compras Públicas Ecológicas (ENCPE), a revisão do Plano de Ação para a Economia Circular (PAEC) e a recente publicação do Plano de Ação para a Circularidade na Construção (PACCO) apresentam-se como documentos que suportam as estratégias a adotar pelos mais diversos setores, com especial ênfase no da construção. Isto demonstra os progressos que têm vindo a ser feitos, sendo expectável que se cumpram com as metas globais (com contributo do setor da construção) para 2030 e para 2050.”

Como aumentar a eficiência dos edifícios

Para alcançar essas metas é necessário continuar a investir em medidas de eficiência energética tanto para edifícios já existentes, como para novas construções. “O envelope construtivo dos edifícios (constituído por paredes, janelas e a cobertura) é responsável pela perda de calor de um edifício, sendo a intervenção em tais elementos decisiva na melhoria da eficiência energética. Aqui, dependendo do período da construção e do cumprimento da respetiva legislação vigente à época, temos em Portugal soluções construtivas muito díspares”, indica Vanessa Tavares, sustainability specialist do Built CoLAB.
“No entanto, quando falamos de janelas e portas todos reconhecemos que uma parte significativa do edificado mais antigo ainda tem caixilharias de madeira com vidro simples em que, além de terem um fraco desempenho a nível de isolamento térmico, apresentam níveis demasiado elevados de permeabilidade ao ar, o que provoca perdas adicionais.”
Na perspetiva da especialista, “uma vez que os fabricantes têm vindo a acompanhar estas problemáticas, desenvolvendo soluções que permitem minimizar as perdas por estes elementos, diversas estratégias poderão ser adotadas, sendo possível algumas vezes com um investimento baixo, quando não é possível um maior investimento, recorrer à calafetagem de portas e janelas, em que as renovações de ar serão reduzidas, ao sombreamento por estores (no verão) ou, em casos ideais, a substituição por soluções de melhor desempenho”.
Marco Pedroso lembra, a nível das paredes, “a aplicação de isolamento térmico pelo exterior (o denominado ETIC) e, quando tal não seja possível, a colocação de isolamento térmico pelo interior, apesar de não ser o ideal, poderá também contribuir para baixar a conta da eletricidade mantendo o conforto.
Por fim, e não menos importante, o isolamento da cobertura é essencial para a melhoria da performance energética do edifício, reduzindo o sobreaquecimento (no Verão) e o arrefecimento (no Inverno) dos espaços e, consequentemente, aumentando o conforto e reduzindo as necessidades energéticas. Em qualquer das situações recomenda-se a avaliação por um técnico qualificado para otimizar o resultado face ao investimento efetuado.”

Como as fachadas ventiladas podem melhorar a performance térmica do edifício

Nos últimos tempos temos assistido a várias inovações no segmento das fachadas, nomeadamente a utilização de fachadas ventiladas. Mas em que consistem? “Fachada ventilada consiste num revestimento exterior suportado numa substrutura (normalmente sistema de perfilaria) separado da estrutura da habitação, permitindo a circulação do ar entre as duas camadas. Esta inovação ajuda a melhorar a performance térmica do edifício, aumentando a eficiência energética e preserva a vida útil do revestimento exterior, impedindo infiltrações e acumulação de humidade”, refere Luciano Peixoto, CEO da Casa Peixoto. Além de isolar da humidade, são uma excelente barreira acústica, simples de manter e dão a possibilidade de mudar a estética do edifício, sem recorrer a grandes obras de remodelação. A Casa Peixoto comercializa várias soluções para fachadas dos edifícios, nomeadamente as mais comuns, como o sistema ETICS, revestimentos cerâmicos ou compósitos (cimentícios, compostos de alumino, etc.).

Fachadas ventiladas com painéis fotovoltaicos

Em 2022, a STO apresentou uma novidade: fachadas ventiladas com painéis fotovoltaicos integrados. Uma solução que permite que a fachada do edifício funcione como uma central elétrica para ganhar autossuficiência e reduzir o consumo energético. “O StoVentec Photovoltaics Inlay, sistema especialmente indicado para edifícios multifamiliares, não só isola termicamente o edifício, como o transforma num gerador de eletricidade de alto rendimento, superando em quase 40% a eficiência dos modelos até agora utilizados”, indica José Neves, responsável pela STO Ibérica Portugal. "Apesar de os sistemas fotovoltaicos de fachada poderem apresentar um rendimento total anual inferior aos painéis de cobertura, têm a grande vantagem de se adaptarem melhor à procura sazonal, já que o desempenho, comparado com as demais soluções, é maior nos meses mais frios, do outono à primavera, quando o sol está mais baixo. Além disso, a superfície útil da fachada geralmente é maior que a do telhado, especialmente em edifícios altos. Portanto, StoVentec Photovoltaics Inlay é a melhor solução para reduzir o consumo energético dos edifícios”.

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