Localizada em Famalicão da Serra, a primeira casa de cortiça da região é resistente ao fogo, mantém a temperatura regular no verão e inverno e beneficia da energia solar para abrir e fechar janelas.
Além disso, a legislação tem vindo igualmente a promover a escolha de soluções sustentáveis, nomeadamente o uso de energias renováveis, e a comunicação social também tem feito um ótimo trabalho na divulgação de soluções, bem como em apresentar possibilidades dentro desta área.
O projeto começou quando me apaixonei pelo local e por considerar a hipótese de ter uma casa na Serra da Estrela. A solução surgiu com base no que já tinha utilizado noutra casa que construí, em Peniche, mas com as respetivas adaptações.
No caso da Guarda, mais concretamente em Famalicão da Serra, o projeto teve a aprovação do Município para realizar as fachadas revestidas a cortiça, o que não tinha acontecido em Peniche. Ainda foi aplicada pelo interior mais cortiça, antes do revestimento final, que será em OSB.
Já as instalações sanitárias serão revestidas em PVC reciclado 100% impermeável. A ideia é que a casa não necessite de muita manutenção, dado que o seu uso será esporádico.
Comecei a lecionar uma unidade curricular sobre Conservação e Manutenção Preventiva de Edifícios no mestrado de Conservação e Reabilitação do Edificado da ESTBarreiro/Instituto Politécnico de Setúbal. Na altura, verifiquei que a bibliografia existente estava muito relacionada com os equipamentos dos edifícios e nunca se tinha abordado a componente construtiva.
Além disso, os alunos começaram a desenvolver um plano de manutenção de edifícios públicos, tendo verificado que nenhum desses edifícios tinham qualquer informação relativa à manutenção dos mesmos.
Assim, considerei que seria importante sistematizar a informação. Neste momento tive um aluno que efetuou o trabalho de projeto deste mestrado sobre a Biblioteca Nacional de Portugal. Espero passar esse exemplo também a livro para ter um exemplo prático sobre como o fazer.
Neste momento estou a coordenar o BUILD2050, um projeto europeu com seis instituições de ensino superior da Europa, de um piloto de formação, com oito cursos de curta duração (25 horas por curso divididas em cinco horas/semana), sobre os temas que se consideram necessários para os edifícios que se pretendem descarbonizados até 2050. Tem sido uma experiência incrível, tanto que em cada curso existem formadores e formandos (a maioria profissionais) de vários países da Europa.
A longo prazo, considero que temos que pensar as casas/edifícios como focados para as pessoas, ou seja, humanizados. Costumo dizer que temos três casas: o nosso corpo, o planeta e a casa que construímos, que veio criar uma separação entre nós e o ambiente natural.
Por isso, temos de ter casas que sejam mais adaptadas às necessidades das pessoas, que não criem barreiras à nossa ligação com o ambiente natural. Porque a nossa saúde e o nosso bem-estar estão diretamente relacionados com os edifícios.
Estou a começar a “desenhar” projetos de investigação e formação que se foquem mais nessas áreas, bem como a capacidade de os edifícios serem resilientes tanto à mudança da tipologia e frequência de uso (julgo que depois da pandemia existiu quem verificasse que a sua casa não estava preparada para tanto tempo seguido de utilização), como às alterações externas não previstas.
Como surgiu a ideia de criar o site seibysusana.com?
A ideia para o site surgiu no seguimento de um curso sobre negócios sustentáveis que fiz em Bolonha, em 2016. Fiz a apresentação do trabalho que tinha efetuado no segundo doutoramento sobre gestão sustentável em instalações desportivas e uma colega sugeriu que a informação fosse disponibilizada num site dedicado ao tema. Em 2017 apareceu o site, uma plataforma online de sustentabilidade, saúde, engenharia e inovação, que atualmente disponibiliza informação sobre todas estas temáticas.
www.novoperfil.pt
Novoperfil - Informação profissional sobre a Envolvente do Edifício