Antevisão Archi Summit: a arquitetura "enquanto agente transformador do território"
Entre 5 e 7 de julho, Matosinhos recebe a 7ª edição do Archi Summit, que está bem encaminhada para bater o record de visitantes da edição anterior, segundo revela Ana Luz, gestora do evento. Saiba o que pode esperar da edição deste ano, sob o lema "TransForm" - Transformations of Objects, Spaces, and Living Acts Beyond Form.
Equipa Archi Summit 2023: Curadoria (Moncada Rangel, Bruno Moreira, Ana Luz e Elsa Oliveira) e arquiteto Luís Garcia
Face à edição de 2022, quais as perspetivas da organização para a edição de 2023? Quais as áreas a melhorar e a inovar?
Esta é já a 7ª edição do Archi Summit. Começámos o evento em 2015, no Porto, e todos os anos alterámos o local de acolhimento do evento, que sempre nos pareceu importante para que funcionasse, além dos conteúdos das conferências, como ativador de diferentes espaços.
Depois de, entre 2017 e 2019, termos realizado o Archi em Lisboa, com enorme sucesso e adesão, resolvemos, ultrapassada a pandemia - que trouxe também muitos constrangimentos ao formato presencial -, retornar a casa. A edição do ano passado representou não só o regresso ao formato presencial, mas também ao Porto onde, a partir de uma parceria com a Ordem dos Arquitetos, teve lugar no evento o lançamento do concurso de arquitetura para o espaço que estávamos a ocupar: o Palácio Ford, um terreno industrial abandonado e expectante da cidade.
Este ano, mantendo a lógica de não repetirmos espaços, o evento terá lugar na Casa da Arquitetura, em Matosinhos. É uma parceria natural com uma instituição que representa a Arquitetura ao mais alto nível nacional e internacional e que ocupa um espaço - um reabilitado complexo industrial - altamente propício a um evento como o Archi. Além disso, a existência de um espaço exterior muito fluído, característica que também temos procurado nos espaços acolhedores das edições passadas, e o facto de ter os seus próprios conteúdos, nomeadamente exposições, são fatores que apenas aumentam as possibilidades para os participantes. Tudo isto enquanto nos reunimos a falar e a discutir sobre arquitetura com nomes amplamente reconhecidos e que geram imenso interesse ao público específico dos arquitetos.
Este ano, o evento terá lugar na Casa da Arquitetura, em Matosinhos.
Vão conseguir quebrar o recorde de participantes este ano?
Temos a profunda convicção que sim. Aliás, o número de inscrições até à data assim o antevê.
Porquê o tema TransForm, escolhido para a 7ª edição do Archi Summit?
É, hoje em dia, impossível não contemplarmos a responsabilidade inerente à Arquitetura enquanto agente transformador do território, o seu papel num mundo em transformação, que passa inevitavelmente por uma nova ótica sobre como se faz e constrói.
Essa responsabilidade representa também uma oportunidade para fazer diferente. Com esta edição, sob o lema “TransForm” - Transformations of Objects, Spaces, and Living Acts Beyond Form, embarcamos numa exploração dos princípios do design, além da dimensão objetal da arquitetura, como forma de diplomacia, estabelecendo ligações entre o passado e o futuro, cidades e territórios, produções e comportamentos, seres humanos e o universo. Numa visão holística que compreende o ato de projetar atento a outras sensibilidades. O design, enquanto modo de diplomacia, tem a responsabilidade ética de harmonizar as nossas necessidades com o equilíbrio ecológico do nosso planeta.
Quem vai ser responsável pela curadoria da 7ª edição e o porquê desta escolha?
Este ano, a curadoria fica a cargo da dupla de arquitetos Moncada/Rangel, uma parceria que se transporta desde a edição passada. Estabelecemos uma relação muito boa com esta dupla curatorial que, divididos entre Portugal e Itália, mantêm uma prática arquitetónica extremamente ampla. O seu atelier é um verdadeiro laboratório sobre Urbanismo, Território, Design… além disso têm ótimas relações com a academia, o que potencia a relação com práticas mais especulativas, bem como com prática profissional no seu sentido mais convencional, ou seja, do projeto e da construção.
Quais os temas que vão estar mais em destaque na edição deste ano?
O primeiro dia de conferências, subordinado ao tema “Disciplina”, conta com apresentações de convidados que se debruçarão sobre as suas práticas arquitetónicas num contexto exclusivamente disciplinar. Em colaboração com a Ordem dos Arquitetos-Secção Norte, destacamos três gabinetes de arquitetura sediados no Porto.
No segundo dia, subordinado ao tema “Processo”, reunimos três convidados cuja atividade profissional recente gira em torno da curadoria de eventos de arquitetura. Destacam-se o grupo Fosbury e Andreia Garcia, curadores responsáveis pela participação nacional de Itália e Portugal na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, que contribuirão para este tema, bem como Mariana Pestana, cuja atividade curatorial ultrapassa as fronteiras de Portugal.
Adicionalmente, contamos também com o jovem gabinete italiano “Fondamenta” e o consagrado Office for Metropolitan Architecture (OMA/AMO Rem Koolhaas), representado por Giulio Margheri dos OMA. Duas entidades que valorizam muito o processo de análise e conceção que precede a construção.
A estes nomes juntam-se ainda os ateliers Formafantasma, Teresa Sapey ou Amid Cero9, cujo trabalho reside na interseccionalidade de práticas, com particular atenção ao design through research; bem como Didier Fiuza Faustino, artista-arquiteto luso-francês, cujo trabalho, amplamente reconhecido, habita o cruzamento entre intervenção urbana e práticas artísticas contemporâneas.
Quais os highlights da edição de 2023 que gostariam de destacar e que os visitantes não podem perder?
Há uma atenção muito expressiva nesta edição a práticas que estão atentas aos processos de design a partir de múltiplos fatores e disciplinas. A investigação que se serve da história, sociologia, métodos aplicados de design, política, ecologia tem um lugar muito central e transversal ao trabalho dos convidados. É uma edição para refletir e descobrir novos caminhos.
Este ano vão lançar as Archi Talks. Em que consistem?
O Archi Summit tem, ao longo do seu percurso, desdobrado-se em várias atividades e iniciativas complementares. Sempre conscientes que é possível fazer mais, difundir a arquitetura junto de outros públicos e que para isso é necessário encontrar parceiros que acompanhem esse trabalho.
Dentro desse ecossistema, a Archi Talks é uma iniciativa em colaboração com a OASRN. Inauguramos um ciclo de conferências que promove a arquitetura e os seus profissionais em todo o território nacional, de uma forma que permita maior democracia no acesso a conteúdos e ao debate. Com esta iniciativa pretende-se contribuir para descentralizar o debate arquitetónico dos grandes centros urbanos, através da discussão de temas emergentes, mas também através da apresentação de projetos de investigação e de soluções construtivas inovadoras. A primeira edição realizou-se no Teatro Municipal de Bragança, no dia 18 de março, e outras mais virão.
Quais as iniciativas paralelas que gostariam de destacar?
Este ano apostamos num programa paralelo mais vasto. No seguimento do já promovido em edições anteriores temos as Morning Tours - visitas guiadas de grupo a locais de interesse cultural e turístico da área metropolitana do Porto, que se realizam durante os três dias do evento na parte da manhã. O objetivo destas tours é enaltecer e promover a arquitetura portuguesa, dando a conhecer espaços que geram curiosidade, mas que por tendência não são acessíveis.
Além destas, teremos também as Master Classes, uma novidade desta edição e que acreditamos será um ótimo complemento. Além das diversas conferências, iremos apresentar um conjunto de palestras conduzidas por especialistas altamente experientes nas diversas áreas que vão estar em destaque - “O Potencial do BIM nos Projetos de Arquitetura”, “Branding e Presença Digital Em Redes Sociais”. A ideia é incidir, de uma forma mais concreta e prática, sobre temas e práticas da ordem do dia na vida dos arquitetos, colmatando assim o universo mais conceptual das conferências com um programa muito formativo e prático.