Todos os anos, no início do inverno, o tema da “pobreza energética nas habitações” ganha protagonismo. Apesar do esforço e da evolução verificada nos últimos anos em matéria de eficiência energética, acompanhados da melhoria das condições de conforto e salubridade na construção, Portugal está ainda longe de alcançar o equilíbrio energético desejável na vida útil de uma habitação.
Esta é uma realidade transversal ao sector residencial e dos serviços. O desempenho energético quase nulo dos edifícios é, decididamente, um desígnio a alcançar, e que depende da envolvente opaca das construções, bem como da sua capacidade de produção de energia.
O conforto térmico não é somente uma preocupação relacionada com o frio, até porque o nosso país, devido às suas características climáticas, revela-se mais desafiante nas estações quentes. O calor excessivo sentido nas construções, em especial no setor residencial, revela a sua falta de preparação para suportar o verão.
Por norma recorremos a soluções imediatas, como por exemplo a implementação de sistemas ativos de climatização e ventilação, e que se traduzem em opções pouco eficientes sob o ponto de vista energético. Importa assim ponderar as diversas soluções existentes, mas que sobretudo nos garantam o desejável equilíbrio entre o conforto térmico e a eficiência energética.
Porquê falar do isolamento de uma habitação? Estamos conscientes que durante anos a construção deu prioridade a tudo menos ao conforto térmico e/ou à qualidade do ar interior. Falar sobre isolamento é refletir a apetência da envolvente exterior da construção para os extremos climáticos de calor e frio.
Importa agora determo-nos sobre o que é a envolvente exterior de uma habitação, e o que a compõe e carateriza. De facto, a envolvente exterior é a pele da construção, ou seja, todos os elementos que estão em contacto com o ambiente externo e por onde ocorrem transferências de energia, como as janelas, as portas, as paredes, as coberturas e os pavimentos.
Privilegiar os sistemas de apoio de climatização, como sejam o ar condicionado ou a bomba de calor, em detrimento da envolvente exterior, não é uma opção favorável ao balanço energético nulo.
Atualmente existem incentivos fiscais que apoiam a eficiência energética, mas investir em soluções de melhoria da habitação é poupar a todos os níveis.
Neste artigo pretendemos dar a conhecer duas soluções viáveis para a reabilitação térmica de construções pré-existentes. São elas: o Sistema ETICS (External Thermal Insulation Composite System) e as janelas eficientes.
Porquê usar janelas eficientes? A substituição de uma janela com vidro simples e caixilharia sem corte térmico é outra forma de atuar e melhorar a envolvente das habitações, reabilitando-as do ponto de vista energético. Uma janela eficiente representa menos 50% de perdas de energia, além de contribuir significativamente para o conforto térmico da habitação.
Ao adquirirmos uma janela eficiente com etiqueta CLASSE+ “A+”, temos a garantia do nível de conforto térmico, através do seu desempenho e da sua capacidade para reduzir as perdas de energia pela envolvente exterior das construções.
A termodinâmica indica-nos que os fluxos de energia ocorrem sempre no sentido da menor energia. Com janelas eficientes e etiqueta CLASSE+ “A+”, procura-se minimizar esta transferência, conduzindo assim a uma melhor eficiência e desempenho, tanto no inverno, como no verão.
Os parâmetros que conduzem ao melhor desempenho são:
O coeficiente de transmissão térmica, que consiste na capacidade que a janela tem em reter a energia, isto é, quanto menor for o valor deste parâmetro, menores serão as trocas de energia;
A permeabilidade ao ar, que compreende a capacidade que a janela possui para reduzir as infiltrações de ar através da janela. Existem quatro classes, sendo que a classe de permeabilidade com melhor classificação é a 4;
A atenuação acústica, que consiste na capacidade que a janela tem de atenuar os sons que vêm do exterior da habitação. Quanto maior for este valor, melhor será a capacidade da janela em atenuar o ruído;
O caixilho, em que a correta seleção da caixilharia (ou perfil) pode garantir soluções de elevado desempenho da janela. Os materiais mais usuais são alumínio, PVC e a madeira, existindo também outras opções como a fibra de vidro, o aço e o ferro. Podem ainda utilizar-se soluções combinadas, como, por exemplo, alumínio-madeira ou madeira-alumínio;
O fator solar, que se traduz na relação entre a energia solar transmitida para o interior através do vidro e a radiação solar que nele incide. Quanto menor for este valor, melhor será o comportamento da janela face à incidência da luz solar. Igualmente relevante é a orientação solar das janelas;
E, por fim, a transmissão luminosa, que consiste na percentagem de energia luminosa transmitida pelo vidro, em relação ao fluxo luminoso incidente. À semelhança do ponto anterior, também aqui a orientação solar das janelas deve ser tida como um fator de seleção.
Uma boa janela é igualmente o resultado da sua instalação, pelo que é fundamental contratar profissionais competentes e credenciados. A Academia ADENE dispõe de uma vasta oferta formativa, materializada no reforço das competências e qualificações profissionais dos técnicos nas áreas de atuação da ADENE.
O Sistema ETICS ou EIFS (Exterior Insulation and Finish System), como ficou definido nos EUA pela International Building Code e ASTM International, tem vindo a ser aperfeiçoado desde os anos 40 do século passado, altura em que surgiu na Alemanha. Rapidamente, os técnicos constataram o seu potencial e, desde então, a solução ganhou força.
Trata-se de uma opção muito competitiva para construções pré-existentes, uma vez que se trata de um sistema de isolamento térmico pelo exterior, que permite a correção das pontes térmicas e, deste modo, potenciar a redução de perdas energéticas por um dos elementos da envolvente das construções. A longo prazo traduz-se em benefícios económicos e ambientais, dado que promove uma melhor eficiência energética.
Esta solução de isolamento é efetuada a partir do exterior da parede, o que permite que se mantenham as áreas no interior das construções, além de não perturbar o normal funcionamento do uso da construção no decurso da obra.
É no conjunto das diferentes soluções existentes que está o equilíbrio para garantir um nível de conforto térmico adequado.
São estas as pequenas escolhas sustentáveis que devemos colocar em primeiro lugar e que vão fazer a diferença, não só para a valorização do conforto individual, mas também para a valorização do próprio imóvel e, num contexto mais global, para a mitigação e adaptação climáticas.
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