Rebuild 2024 supera todas as expetativas e impulsiona construção industrializada

A Rebuild 2024 encerrou as suas portas no dia 21 de março, consolidando a construção industrializada como o novo motor económico do país vizinho, no qual estão a surgir oportunidades de negócio e de melhoria social. Durante três dias, um total de 25.597 profissionais da construção reuniram-se no parque de exposições Ifema, em Madrid, para descobrir tudo o que a industrialização do setor implica e para conhecer em primeira mão as novidades que surgiram no mercado nos últimos meses.

Área de exposição da Rebuild 2024, que reuniu mais de 25.500 profissionais do setor da construção na Ifema Madrid.

Neste sentido, as 587 empresas expositoras da Rebuild 2024 encarregaram-se de apresentar inovações industrializadas, sustentáveis e tecnológicas. No seu conjunto, revelaram mais de 2.600 soluções para interiores, cozinhas e casas de banho, e em categorias como iluminação, caixilharia, pavimentos e revestimentos, fachadas, eficiência energética, climatização, domótica, soluções digitais e BIM ou sistemas construtivos industrializados em 2D ou 3D, entre outros.

Por sua vez, a organização do encontro em Madrid teve um impacto económico de mais de 59 milhões de euros para a cidade, que se tornou o epicentro da mesma construção industrializada. De facto, nesta edição, Jorge Rodrigo Domínguez, Ministro Regional da Habitação, Transportes e Infraestruturas da Comunidade de Madrid, anunciou a criação do primeiro e maior 'hub' de construção industrializada de Espanha, com um impacto no PIB regional de entre 500 e 1.000 milhões de euros.

Ainda assim relatou incentivos fiscais e financeiros para desenvolver uma nova economia em torno do modelo. Surge desta forma um círculo virtuoso em Madrid do qual fazem parte a indústria, a Comunidade e as promotoras e construtoras, com o propósito de estabelecer a industrialização na região.

No âmbito do Rebuild 2024 teve lugar o Congresso Nacional de Arquitetura Avançada e Construção 4.0, que reuniu 628 especialistas de todo o mundo, que encaminharam o futuro da construção para um setor mais industrializado, circular, digitalizado, adaptado no ambiente e centrado no bem-estar dos utilizadores. No congresso, a industrialização surgiu como resposta aos desafios atuais da falta de habitação acessível, alto impacto ambiental, ou falta de mão de obra qualificada.

No entanto, para levar a cabo esta transformação, é necessário alterar o Código da Construção para refletir a validade da construção. Neste sentido, as 587 empresas expositoras da Rebuild 2024 encarregaram-se de apresentar inovações industrializadas, sustentáveis e tecnológicas. No seu conjunto, revelaram mais de 2.600 soluções para interiores, cozinhas e casas de banho, e em categorias como iluminação, caixilharia, pavimentos e revestimentos, fachadas, eficiência energética, climatização, domótica, soluções digitais e BIM ou sistemas construtivos industrializados em 2D ou 3D, entre outros.ra da obra. Esta exigência foi confirmada por Lucas Galán, diretor de produto e inovação da Neinor Homes, que salienta que "em todos os países onde a industrialização cresceu, foi porque o Estado a impôs. É muito importante que a administração promova um tecido industrial, legislando e facilitando a sua implementação". Por sua vez, Guillermo Sotorrio, investigador do Conselho Nacional de Investigação de Espanha, esclarece que "temos atualmente uma sensação de falta de mão de obra e de aumento do custo dos materiais, ou seja, o terreno ideal para acelerar a industrialização. Por conseguinte, se existem barreiras, há que enfrentá-las, mas a regulamentação não deve limitar a inovação".

Instante da conferência do arquiteto Carlos Lamela, no âmbito do Congresso Nacional de Arquitetura Avançada e Construção 4.0.

Outra das armadilhas com que se encontra esta evolução necessária são os obstáculos ao financiamento. Esta questão foi debatida no Congresso, com nomes como Oriol Forner, diretor de Negócio e Produto Promotor no Caixabank, que admitiu que “é importante que resolvamos o problema do financiamento. Estamos a enfrentar um novo desafio: depois de milhares de anos a construir de uma forma, agora temos que mudá-la, e isso significa industrializar. Estamos preocupados com duas questões: primeira, como fazer chegar o capital para garantir que o industrial seja remunerado e, segunda, como colocar dinheiro em todo o processo. Exigimos mudanças legais que permitam o financiamento fora de obra", sentenciou.

A grande cimeira da construção também foi o cenário escolhido pelas vozes do setor, que marcam um antes e um depois, para partilhar os seus pontos de vista em relação ao avanço da construção. Para este efeito, Emilio Ortiz e Taba Rasti, arquitetos e sócios da Foster+Partners, colocaram o foco na regeneração de edifícios históricos que têm em mãos, como é o caso do Salón de Reinos de Buen Retiro, e na transcendência da sustentabilidade através da readaptação de espaços às necessidades atuais.

Rasti destacou o compromisso pioneiro do estúdio com a sustentabilidade, salientando que "começámos a utilizar o conceito há 50 anos. Acreditamos na reciclagem dos edifícios, em dar-lhes uma nova vida, com materiais sustentáveis como a madeira", partilhou o arquiteto. Uma visão que está muito em linha com a apresentada na Rebuild por Andrew Waugh, um líder mundial na construção em madeira, que defendeu vigorosamente que "temos de deixar de construir com betão e optar pela madeira, pela circularidade".

Da mesma forma, um tema que também se repetiu durante os três dias do evento foi a vocação de bem-estar que a construção tem. Arquitetos, promotores, decoradores e instaladores sublinharam o serviço que o setor presta na melhoraria da saúde e do conforto das pessoas. Neste sentido, Taba Rasti assegurou que "o que fazemos é melhorar a vida das pessoas. É um trabalho de equipa, sem os construtores ou os promotores não poderíamos realizar o nosso trabalho".

Nos palcos do Congresso estiveram também figuras mundiais como Carlos Lamela, do Estudio Lamela; Óscar Miguel Ares, diretor da XV Bienal Espanhola de Arquitetura e Urbanismo; Alejandro Lorca, sócio principal da L35 Arquitectos; Benedetta Tagliabue, arquiteta principal e co-fundadora do estúdio EMBT; e João Albuquerque, sócio do BIG Barcelona, entre muitos outros.