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ANFAJE pede estratégia para a melhoria do conforto acústico

João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE19/09/2024
O Governo deve criar as condições para que as entidades concessionárias criem um programa de apoio e medidas para minorar os impactos negativos do intenso tráfego aéreo dos atuais aeroportos

As janelas eficientes são essenciais para combater o ruído indesejável. Os edifícios localizados em zonas com muito ruído, junto aos aeroportos, linhas ferroviárias e vias rodoviárias com tráfego intenso, carecem da instalação de janelas dotadas de vidros acústicos.

A grande maioria destes edifícios foi construída antes das infraestruturas serem construídas, reestruturadas ou ampliadas, pelo que os seus ocupantes (proprietários ou arrendatários) não tem qualquer responsabilidade pelo aumento do nível de ruído nessas zonas. Por isso é, fundamental melhorar o seu conforto acústico, promovendo a substituição das janelas antigas por novas janelas eficientes com a tipologia e a solução de vidro adequado para zonas com muito ruído de tráfego.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a poluição sonora como um problema de saúde pública mundial e 20% da população europeia (um em cada cinco) vivem em zonas com ruído considerado prejudicial para a saúde. A Agência Europeia do Ambiente assegura que a poluição sonora causa 16 mil mortes prematuras e mais de 72 mil hospitalizações por ano. Também de acordo com um estudo recente da associação ZERO, vivem cerca de 414 mil pessoas, num raio de cinco quilómetros do aeroporto de Lisboa, particularmente afetadas pelas partículas ultrafinas emitidas pelos aviões e pelo excesso de ruído, fatores que, de acordo com o estudo, são potenciadores de milhares de casos de doenças como a hipertensão, diabetes ou demência.

Portugal não está no pódio dos países europeus com ruído excessivo. No entanto, tendo em conta a má qualidade da construção da maioria dos edifícios portugueses, o desconhecimento ou falta de cumprimento do Regulamento Geral do Ruído (RGR) e a falta de cuidado aquando da construção e ampliação de estradas, autoestradas, ferrovias ou aeroportos, o país é, decerto, um dos países nos quais a situação de isolamento acústico é bastante débil.

Basta recordar que as principais infraestruturas portuguesas de transportes foram ou têm sido construídas e remodeladas sem se ter em consideração as medidas de proteção ao nível do ruído das habitações envolventes, nomeadamente através da criação de incentivos para o reforço do isolamento acústico das habitações, sendo evidente a falta de conforto para todos os edifícios situados nos ‘corredores aéreos’ e junto às autoestradas e ferrovias.

A questão do ruído excessivo no interior das habitações acaba por ser um intruso perigoso, silencioso e progressivo, tendo em conta que os habitantes não dão a devida importância, pois acabam por se ‘habituar’ ao desconforto. Mas o que os olhos não veem, o ouvido sente. Não é admissível estar dentro de casa a contar aviões, automóveis ou comboios… é um desgaste permanente para a saúde de cada um.

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No que respeita à questão das habitações localizadas em zonas de corredor de aterragem e descolagem de aviões nos aeroportos, à semelhança de outros países, como Espanha ou França, é essencial que as autoridades públicas, juntamente com as entidades concessionárias das infraestruturas, considerem a possibilidade de dar apoios financeiros para que os moradores possam melhorar a atenuação acústica, a qual pode ser feita através da instalação de novas janelas eficientes dotadas de vidro acústico reforçado.

Na opinião da ANFAJE, o Governo deve criar as condições para que as entidades concessionárias destas importantes infraestruturas criem um programa de apoio e medidas para minorar os impactos negativos do intenso tráfego aéreo dos atuais aeroportos, procurando um acordo com a ANA neste sentido.

Agora que foi decidida a localização do novo aeroporto e avançam as novas linhas de alta velocidade, é a altura ideal para delinear um plano deste género, para minimizar os impactos, desde a fase inicial da sua construção e de forma concertada. Ainda para mais, sabendo que a instalação de novas janelas eficientes é a obra mais fácil de executar e a que tem maior (e mais rápido) impacto na atenuação acústica.

A escolha adequada de janelas eficientes para um edifício localizado numa zona bastante ruidosa pode ser conseguida consultando empresas especialistas nesta área, que podem dar aconselhamento técnico especializado, nomeadamente na seleção do vidro mais adequado para cada uma das janelas. Para o efeito, há a possibilidade de instalação de vidros laminados com PVB acústico, uma película especial que não compromete a entrada de luz, mas tem propriedades intrínsecas para atenuação do ruído. Este tipo de vidro pode e deve ser utilizado, em conjunto, com vidros com capas de baixa emissividade e/ou controlo solar, para melhor comportamento térmico. De facto, é extremamente importante ter em consideração fatores como a solução da janela (janelas de batente e/ou oscilo-batentes são mais isolantes acusticamente do que janelas de correr), os perfis da caixilharia (geometria dos perfis e quantidade de vedantes), o tipo e caraterísticas da solução de vidro (vidros laminados) e a instalação eficiente das janelas, que deve ser feita corretamente e por profissionais qualificados.

Tendo em conta que, normalmente, a instalação de novas janelas eficientes é uma decisão única ao longo de toda a vida, é ainda mais importante garantir a escolha certa. E fazendo a escolha certa, o retorno do investimento é extremamente impactante na saúde e bem-estar das pessoas, bem como no conforto das suas casas.

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