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Infraestruturas verdes na cidade do futuro

Coberturas verdes e paisagismo vertical: estado da arte e tendências na Europa

Asociación Española de Cubiertas Verdes (ASESCUVE)10/04/2025
O crescimento das cidades nas últimas décadas e a evidência científica do impacte negativo das alterações climáticas têm evidenciado a necessidade de modelos de desenvolvimento urbano sustentável e de novas estratégias de adaptação climática compatíveis com a preservação da biodiversidade. Nesta evolução para um modelo de cidade mais resiliente e amigo do ambiente, ressoam fortemente os conceitos de infraestruturas verdes urbanas e de soluções baseadas na natureza, constituindo instrumentos para a geração de ambientes urbanos mais saudáveis, com menor pegada de carbono, orientados para a melhoria da gestão eficiente dos recursos naturais, e que se organizam e ordenam para alcançar benefícios ecossistémicos, sociais e económicos.
Telhado verde em Villamartín de Campos (Palencia)
Telhado verde em Villamartín de Campos (Palencia).
O Pacto Verde Europeu, aprovado em 2020, estabelece uma série de objetivos de neutralidade climática para 2050 e de redução das emissões de gases com efeito de estufa. Estes objetivos são articulados através de um conjunto de iniciativas políticas e regulamentos, que vão desde a renovação do parque imobiliário, à preservação da biodiversidade e à promoção da economia circular, como base para a criação de um tecido social mais equilibrado. Mais recentemente, a Lei da Restauração da Natureza, aprovada no verão passado, estabelece um desenvolvimento na implementação de estratégias destinadas a inverter a deterioração da natureza, a todas as escalas, incluindo a escala urbana. E, neste contexto, as coberturas verdes e o paisagismo vertical são elementos-chave para o planeamento de infraestruturas resilientes, com um elevado potencial para a sua incorporação no tecido urbano.

Neste artigo, pretendemos dar uma visão geral do estado atual do setor em Espanha e na Europa, identificando as tendências emergentes e os desafios a superar para conseguir uma maior implementação destes sistemas.

O estado atual do setor

A nível mundial, as coberturas verdes e o paisagismo vertical estão a expandir-se devido a duas questões principais. Por um lado, a crescente evidência científica dos múltiplos benefícios deste tipo de soluções: como a melhoria da eficiência energética dos edifícios, a fixação de gases com efeito de estufa, a influência positiva na promoção da biodiversidade urbana, a mitigação do efeito de ilha de calor e a sua contribuição para a gestão sustentável das águas pluviais. Por outro lado, a evolução tecnológica dos sistemas disponíveis no mercado facilita uma melhor e mais ampla implementação.

No entanto, existe um elevado nível de desconhecimento técnico por parte de alguns agentes do setor, o que dificulta uma implementação correta e generalizada. No entanto, algumas cidades avançaram em regulamentações que favorecem a incorporação da natureza de forma ordenada, como Madrid ou Barcelona, e é cada vez mais frequente que os planos urbanísticos incluam requisitos específicos para a incorporação de coberturas ou fachadas verdes nas novas urbanizações.

Jardim vertical em Alicante
Jardim vertical em Alicante.

Tendências na Europa: um setor em evolução

Na Europa, cada país membro promove as suas próprias normas e regulamentos, devido à variação climática e setorial que pode ser encontrada. A Federação Europeia de Coberturas e Paredes Verdes (EFB) promoveu normas e regulamentos que facilitam a sua adoção.

Em Espanha, embora o setor tenha crescido significativamente na última década, continua a enfrentar desafios. Principalmente, a falta de regulamentação homogénea a nível nacional. Em comparação com outros países europeus, a Espanha ainda se encontra numa fase de crescimento neste setor, sendo a Alemanha a referência indiscutível, com mais de 120 milhões de metros quadrados de coberturas verdes instaladas e regulamentos que exigem a sua inclusão em novos projetos urbanos. As cidades alemãs consideram estes sistemas não apenas como elementos estéticos ou de eficiência energética, mas como uma parte estrutural do planeamento urbano.

A França seguiu uma tendência semelhante, com regulamentos que obrigam à instalação de telhados verdes em edifícios comerciais. Em Paris, por exemplo, foram implementadas estratégias que combinam telhados verdes com jardins urbanos, promovendo o conceito de agricultura urbana.

Na Escandinávia, países como a Dinamarca e a Suécia optaram por sistemas inovadores que combinam coberturas verdes com infraestruturas de drenagem sustentáveis (SUDS). Em Copenhaga, os telhados verdes são utilizados como estratégia para atenuar o risco de inundações e estão integrados nas políticas de resistência às alterações climáticas.

Telhado verde em Sevilha
Telhado verde em Sevilha.

Desafios e oportunidades para o setor em Espanha

Apesar do potencial dos telhados verdes e jardins verticais, ainda existem barreiras em Espanha que limitam a sua expansão. Os principais desafios são:

  • Falta de regulamentação específica: um dos principais obstáculos até à data continua a ser a falta de uma regulamentação que harmonize os requisitos mínimos e o desempenho técnico exigido. Ao contrário da Alemanha ou da França, a Espanha não tem uma legislação unificada que regule e incentive a implementação destes sistemas, o que complica a sua promoção e o trabalho das entidades e autoridades locais responsáveis pela revisão da sua conceção adequada.
  • Falta de conhecimentos e de especialização: a falta de conhecimentos técnicos para a correta conceção destes sistemas é um obstáculo à sua maior difusão e implementação, embora exista um número crescente de profissionais e empresas especializadas capazes de resolver a implementação com solvência.
  • Elevados custos de instalação: a dificuldade em avaliar e medir os impactos e benefícios obtidos com a instalação destes sistemas dificulta a avaliação e o estudo de viabilidade a longo prazo, que permite considerar objetivamente os enormes e variados benefícios. Prevê-se que este tipo de sistemas construtivos faça parte da vida útil do edifício durante um período mínimo de 15-20 anos, pelo que os seus impactos positivos devem ser avaliados a longo prazo, e os custos daí decorrentes devem ser considerados na proporção da vida útil prevista.
  • Manutenção e durabilidade: é fundamental assegurar sistemas de irrigação eficientes e selecionar espécies vegetais adequadas ao clima.

No entanto, existem também oportunidades significativas para a expansão do setor:

  • Inovação nos materiais e nas técnicas de instalação: o desenvolvimento de substratos mais leves e de sistemas modulares está a facilitar a adoção de coberturas verdes em edifícios existentes.
  • Políticas de incentivo e subsídios: algumas administrações locais, em vários Estados europeus, começaram a implementar ajudas financeiras para a instalação destes sistemas, com a ideia de promover um modelo para a sua expansão a nível nacional. Em Espanha, exemplos como o Fator Verde aplicado pela Câmara Municipal de Madrid constituem um primeiro passo para a visibilidade da quota “verde” nos projetos de construção, estabelecendo objetivos mensuráveis e quantificáveis. A Câmara Municipal de Barcelona foi uma das pioneiras no desenvolvimento de regulamentos de planeamento urbano que regem a implementação de sistemas de ecologização urbana, como jardins verticais e telhados verdes.
  • Maior sensibilização para as alterações climáticas: a crescente sensibilização para a sustentabilidade está a impulsionar a procura de soluções baseadas na natureza. Além disso, as diretivas europeias que impulsionam esta implementação estão associadas a planos de medição e divulgação para tornar a mensagem mais amplamente conhecida e alargar o alcance das propostas que estão a ser desenvolvidas através de projetos europeus.
Jardim vertical na M30 Madrid
Jardim vertical na M30 Madrid.

Rumo a um futuro mais verde

O desenvolvimento de coberturas verdes e paisagismo vertical é uma tendência crescente na Europa e, cada vez mais, também em Espanha. A integração destas soluções no planeamento urbano é essencial para a criação de cidades resilientes, que contam com os benefícios das soluções baseadas na natureza para melhorar a qualidade ambiental, promover a biodiversidade, reduzir a sua pegada de carbono e criar ambientes mais saudáveis e amigáveis para as pessoas.

A partir da ASESCUVE, estamos presentes na EFB (European Federation of Green Roof and Green Wall Associations), para promover e desenvolver a adoção destes sistemas, e para transferir o conhecimento dos países mais avançados, com os quais partilhamos reuniões regulares. Além disso, em Espanha, trabalhamos para constituir a plataforma que interliga a administração com o tecido empresarial e com os grupos de investigação das universidades, e estamos empenhados na promoção de políticas que favoreçam o seu correto desenvolvimento.

A colaboração entre as administrações, o setor privado e os especialistas em jardinagem, paisagismo e arquitetura, com uma base científica e regulamentar desenvolvida, será fundamental para consolidar um futuro mais verde e sustentável nas nossas cidades, e estamos a trabalhar para alcançar estes objetivos.

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