Informação profissional sobre a Envolvente do Edifício

Pobreza energética: um velho desafio à espera de novas respostas

João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE28/07/2025
É necessário combater as causas profundas da pobreza energética, em vez de lidar apenas com os seus efeitos
A aposta na correta reabilitação das habitações começa sempre pela melhoria das condições construtivas da envolvente passiva de cada edifício

Depois de um período de instabilidade política, Portugal conta agora com um novo Governo. Neste novo quadro legislativo, a ANFAJE espera que, finalmente, este venha a executar com ambição as reformas profundas de que o país urgentemente necessita. Uma delas (frequentemente ignorada ou mal compreendida) é o combate à pobreza energética.

João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE
João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE

A pobreza energética não é apenas um conceito abstrato. Está ligada à real incapacidade de manter uma casa com temperaturas confortáveis, ou seja, fresca no verão e quente no inverno. E essa incapacidade tem consequências graves para a saúde, o bem-estar e a produtividade dos ocupantes dos edifícios.

Pondere-se uma realidade crua: em Portugal, só em 1990 começou a haver legislação e requisitos para o desempenho térmico dos edifícios. E só a partir de 2016 é que os projetos de construção passaram a exigir níveis mínimos obrigatórios quanto ao isolamento térmico das janelas. Isto significa que a larga maioria do parque habitacional foi construído sem qualquer preocupação com condições de conforto térmico ou de eficiência energética.

Agora, com ondas de calor cada vez mais intensas e frequentes, o problema agrava-se. O que até há pouco tempo era um desconforto — o frio no inverno — passou a incluir a incapacidade de manter as casas frescas no verão, deixando os portugueses expostos a temperaturas extremas. E isso acontece não apenas nas habitações pertencentes às classes sociais mais baixas ou às famílias consideradas agora de ‘famílias vulneráveis’. A questão da pobreza energética é cada vez mais acentuada e não pode ser resolvida com dispositivos de aquecimento ou arrefecimento que são, na prática, dispendiosos e ineficientes (aparelhos de ar condicionado), tanto em termos de reforço do aumento dos custos económicos com a energia, bem como com as questões ambientais relativas às emissões de CO2 para a atmosfera. Esta realidade sobrecarrega as finanças familiares e agrava a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde, com o agravamento de doenças crónicas e outras associadas às condições térmicas inadequadas.

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O novo Governo tem uma oportunidade crítica para intervir e deve agir, desde logo, com um plano ambicioso, bem estruturado e eficazmente executado. É necessário combater as causas profundas da pobreza energética, em vez de lidar apenas com os seus efeitos. Esse objetivo deve começar por continuar a aposta na correta reabilitação das habitações, a qual deve começar sempre pela melhoria das condições construtivas da envolvente passiva de cada edifício (paredes, coberturas e janelas).

Na perspetiva da ANFAJE, a solução passa por uma abordagem integrada, que contemple várias medidas complementares:

1. Redução do IVA para 6% nas janelas eficientes com o objetivo de tornar as intervenções mais acessíveis às famílias;

2. Relançamento de programas de apoio financeiro (como o programa ‘Edifícios Mais Sustentáveis’), que utilizem fundos nacionais e europeus para promover a substituição de janelas antigas por novas janelas eficientes;

3. Benefícios fiscais em sede de IRS, reconhecendo e incentivando fiscalmente os proprietários que invistam na melhoria do conforto das suas casas.

Só assim será possível avançar de forma eficaz: programas ambiciosos, simplificando burocracias e promovendo incentivos e ações de reabilitação.

A mensagem da ANFAJE é clara: o direito ao conforto térmico é para todos e é um imperativo para a saúde pública e para a transição energética do país. É tempo de passar da retórica para a ação e encarar a pobreza energética como um problema social, económico e de saúde pública. O novo Governo tem a oportunidade de deixar uma marca duradoura, dignificando o lar dos portugueses, diminuindo a fatura energética, enquanto reduz os custos de utilização dos serviços do SNS.

A ANFAJE continua, como sempre, a apresentar medidas positivas, no sentido de colaborar e aportar conhecimento técnico, dar uma visão global e mobilizar a capacidade do setor das janelas, portas e fachadas. Agora esperamos, sinceramente, que o novo Governo corresponda com ambição redobrada e uma liderança mais ativa.

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