As necessidades do parque edificado em Portugal estão há muito identificadas. Existe a necessidade de reduzir as emissões de CO2 associadas à utilização dos edifícios e de melhorar a qualidade dos mesmos. Fazer do edifício um espaço promotor de conforto e saúde, com um elevado desempenho: “O padrão Passivhaus vai muito além da eficiência energética. É um padrão que se baseia no desempenho do ambiente construído com o mínimo consumo energético”, salienta João Gavião, presidente da Assembleia Geral da Passivhaus Portugal.
Quando enumeramos os problemas dos edifícios no nosso país, estes estão sobretudo relacionados com questões de saúde e conforto: insuficientes níveis de conforto térmico expondo a pobreza energética existente, ambientes interiores com uma elevada exposição a humidades e bolores, insuficientes níveis de conforto acústico revelando uma elevada exposição ao ruído exterior.
A ligação entre os ambientes interiores que utilizamos e a nossa saúde está claramente identificada. A solução passa por fazer a transição do parque edificado para níveis de desempenho Passive House, assegurando de forma permanente: qualidade do ar interior, conforto térmico, ausência de patologias, conforto acústico e eficiência energética.
A Passive House está implementada em Portugal desde 2012, com a construção dos primeiros edifícios certificados e com a criação da Associação Passivhaus Portugal. A rede Passive House conta com centenas de profissionais formados e certificados, dezenas de empresas associadas à rede, componentes certificados e produzidos em Portugal, protocolos de cooperação estabelecidos com Universidades e Institutos portugueses e vários milhares de pessoas alcançadas através dos eventos de divulgação.
Em 2022, a Passivhaus Portugal esteve pela primeira vez na Concreta, na Exponor, e já em 2023, junto com a rede de parceiros, teve uma presença de grande dimensão na Tektónica, num espaço conjunto com parceiros da marca de todas as vertentes. Além dos espaços de exposição, decorreu em contínuo um programa especificamente ligado à Passive House, com dezenas de worskhops práticos com parceiros, apresentação de projetos Passive House pelos seus autores e espaços de conversa com projetistas, instaladores e donos de obra.
A Conferência Passivhaus Portugal, em 2022, voltou também ao seu formato presencial, em Aveiro. Foram mais de 250 pessoas em cada dia do evento, 43 workshops de parceiros, 60 marcas presentes e quatro sessões complementares muito ricas sobre o que se está a fazer no universo Passive House e NZEB em Portugal. A edição de 2023, que será a 11º edição da Conferência Passivhaus Portugal, já está marcada para os próximos dias 24 e 25 de outubro.
Os tempos recentes foram também marcados pela aceleração e diversificação dos projetos Passive House. Foi inaugurado, na Maia, um projeto pioneiro a nível mundial: uma Passive House como loja e escritório de apoio técnico exclusivo para ajudar a implementar e construir Passive Houses. Foi também concluída a reabilitação de uma habitação bifamiliar, a primeira reabilitação em Portugal com Certificação Passive House.
Está a nascer o primeiro hotel com certificação Passive House. Trata-se da reabilitação de uma antiga fábrica de confeções em Tortosendo (Covilhã), que vai contar com 60 quartos e 2257 m2 de área útil (imagem inicial do artigo).
Em breve estará em obra o edifício administrativo da unidade industrial da Danosa, em Pombal, que pretende obter a certificação Passive House: um espaço de 798m2 de área útil, com os desafios adicionais por estar integrado numa unidade industrial com muita produção de calor e ruído.
Em 2022, a Passive House bateu novo record na formação e 2023 avizinha-se ainda mais promissor. No total são já 639 profissionais que receberam formação Passive House. Além dos cursos Certified Passive House Tradesperson e cursos Certified Passive House Designer, este ano arranca um novo curso exclusivamente destinado a projectistas, o curso “Design PH + PHPP”, que vem dar resposta a uma componente técnica essencial para projetar corretamente uma Passive House, vocacionado para quem quer otimizar o conhecimento nestas ferramentas.
A Passive House é hoje já uma obrigatoriedade em alguns países, regiões e cidades, como o Luxemburgo, a Região de Bruxelas, o Distrito de Frankfurt am Mein e está em grande implantação na América do Norte, Reino Unido ou Espanha, por exemplo.
A progressiva transição do parque edificado para níveis de desempenho Passive House permite melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, ter edifícios eficientes e mais duradouros, melhorar o produto oferecido pela fileira da construção e a experiência turística em Portugal, reduzir o consumo de energia final e das respectivas emissões de CO2, facilitar a implementação das smart grids e micro grids, aumentar a resiliência energética e possibilitar a independência energética de Portugal.
Para que isto aconteça é necessária a reformulação da definição do nZEB (edifícios com necessidades quase nulas de energia) em Portugal e sermos mais exigentes ao estabelecer os mínimos regulamentares para os nossos edifícios. Temos de ter o Estado a liderar pelo exemplo através das melhores práticas, implementando a Passive House em todos os edifícios novos e reabilitações de edifícios existentes, nomeadamente na habitação social, bem como uma implementação gradual ao nível municipal, intermunicipal/metropolitano e regional. É necessário estabelecer um programa alargado de monitorização da qualidade do parque edificado, porque só se pode gerir após medir.
Por fim, é fundamental apostar decisivamente na formação profissional e académica dos atuais e futuros agentes do setor da construção e gestão de edifícios, com o fortalecimento da rede Passive House em Portugal.
Num projeto Passive House, a coordenação e interligação de equipas é essencial para garantir que o padrão será atingido a todos os níveis, tendo em conta todas as áreas do edifício, principalmente as mais sensíveis, como é o caso da instalação de janelas. Sabemos que só formando podemos assegurar esta continuidade e trabalho bem desenvolvido, porque a transição do parque edificado em Portugal para níveis de desempenho Passive House urge como uma exigência económica, de salvaguarda da saúde pública e fundamental para se fazer cumprir a Constituição Portuguesa.
O padrão Passive House é quantitativo e o mais rigoroso no mundo em garantir saúde, conforto, sustentabilidade e poupança, aplicável com qualquer método construtivo. Sabemos que a solução passa por ter #PassiveHouseParaTodos, garantindo as adequadas condições de habitabilidade e a redução do impacto associado à utilização dos edifícios.
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