BJ12 - Novoperfil Portugal

REVISTA DA ENVOLVENTE DO EDIFÍCIO J A N E L A S | FAC H A DA S | V I D R O | P E R S I A N A S | TO L D O S | P O R TA S | AU TOMAT I S MO S Preço:11 € | Periodicidade: Bimestral | Abril 2023 - Nº 12 | www.novoperfil.pt 12 Abril 2023 PERFIL www.novoperfil.pt www.lingote.com +351 253 490 490 A sua necessidade é a nossa solução

INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. +351 217 615 724 geral@interempresas.net www.induglobal.pt ACEDA AO MERCADO LUSO-ESPANHOL DA ENVOLVENTE DO EDIFÍCIO O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ...

C M Y CM MY CY CMY K

6 PERFIL Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) DiretoraSónia Ramalho Equipa Editorial Sónia Ramalho, Alexandra Costa, José Luis Paris Marketing e Publicidade Hélder Marques e Frederico Mascarenhas redacao_novoperfil@interempresas.net www.novoperfil.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 66 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127424 Déposito Legal 468458/20 Distribuição total +8.500 envios. Distribuição digital a +7.400 profissionais. Tiragem +1.100 cópias em papel. Edição Número 12 – Abril de 2023 Estatuto Editorial disponível em https://www.novoperfil.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Media Partner Principal: Parceiros: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da Novoperfil adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. Smart home and building solutions. Global. Secure. Connected. Membro Ativo: SUMÁRIO ATUALIDADE 7 EDITORIAL 8 Com 2030 cada vez mais perto, o que está a ser feito para cumprir as metas europeias de sustentabilidade dos edifícios? 16 Novas metas para acelerar a transição energética na União Europeia 20 O longo caminho para um edificado renovado e preparado para o futuro em Portugal 22 A necessária sustentabilidade do edifício 28 Entrevista com José Paulo Pinto, Gestor da Tektónica 32 Quais os principais desafios do setor do vidro em Portugal? 38 Como reduzir o consumo de energia na laminação de vidro? 42 Tapar o sol com a película 46 Como a substituição das janelas pode ajudar a poupar energia? 48 AGC Glass Europe anuncia nova gama de vidro float com pegada de carbono reduzida 50 Entrevista com Jonathan Brunette, ESG & Certification Manager na Guardian 52 Entrevista com Manuel Joaquim Reis Campos, presidente da direção da AICCOPN – Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas 56 “Queremos assumir um papel de liderança na descarbonização dos edifícios do futuro” 60 Construção sustentável: amiga do ambiente e eficiente em termos energéticos 62 Janelas eficientes: um contributo indispensável para uma construção sustentável 66 Entrevista a Carlos Sá, administrador da Caixiave 68 NOTÍCIAS ANFAJE 70 BIM: A tecnologia inovadora que está a revolucionar a indústria da construção 72 Cibersegurança na indústria transformadora: prevenir é melhor que remediar 76 Fabricação de sistemas de reciclagem de água para a indústria do vidro 80 Strugal SC Line: a nova gama de produtos de proteção solar com elevados níveis de isolamento térmico e acústico 82 Tecnhal lança primeiros sistemas de alumínio 100% reciclado 84 Forster by Reynaers Group apresenta-se ao mercado português 86 Sustentabilidade e o setor da caixilharia de alumínio 89

7 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.NOVOPERFIL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Globaldis abre novo showroom e centro de distribuição A empresa, que integra o grupo Vicaima, tem como foco principal disponibilizar uma variada gama de produtos que correspondem às expectativas do mercado. Com o foco nesta premissa, e procurando responder às mais recentes tendências, acaba de lançar um showroom no concelho de Paredes. Os visitantes encontram uma vasta oferta de produtos que podem ser aplicados em vários contextos, graças à sua versatilidade e desempenho técnico, com destaque para as soluções de pavimentos de madeira natural Globalfloor, Globaldeck e de Bamboo, bem como soluções Portaro e de roupeiros. Podem também ser encontradas outras propostas de pavimentos, como os multicamadas, os vinílicos Rioclic SPC e Rioclic SPC XL, assim como os pavimentos de grandes dimensões Altitude. Uma área especial está reservada para o Vicaima Infinity, que revela uma nova dimensão para os profissionais do mundo da arquitetura e do design de interiores. Lançado este ano, este conceito permite, através de uma produção tecnologicamente avançada, a criação de designs e acabamentos personalizados, transformando a visão criativa dos profissionais em realidade, assegurando a singularidade de cada projeto. O novo showroom surge integrado no investimento realizado pela empresa nesta localização, onde passa a contar com um novo Centro de Distribuição e um conjunto de serviços partilhados. A localização é estratégica, no epicentro de diversas indústrias conexas, e permitirá o reforço da capacidade logística, proximidade e qualidade do serviço prestado aos clientes no Noroeste e Centro da Península Ibérica. A inovação é transversal a todos os equipamentos e infraestruturas das instalações agora em funcionamento. No armazém, o espaço é agora otimizado através de um moderno software de gestão de armazém, permitindo um serviço mais célere e eficaz, bem como a preservação física dos produtos movimentados. Num período de fortes desafios para as empresas, a Globaldis reafirma o compromisso com o progresso e a melhoria contínua, através de uma infraestrutura moderna, impactante e envolvente, visando o reforço da posição como um dos maiores players no mercado português. Janeiro: reabilitação urbana com os mesmos valores de 2022 Dados da AICCOPN indicam um nível de atividade com uma variação de -0,2%. Foi publicado, pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas – AICCOPN, o Barómetro da Reabilitação Urbana com dados referentes a janeiro de 2023. Os dados recolhidos pelo inquérito mensal junto dos empresários do setor que atuam no segmento da reabilitação urbana apontam para uma estabilização do índice que mede a atividade. A variação encontrada é de apenas -0,2%. Já no que se refere ao índice Carteira de Encomendas – que mede a opinião dos empresários sobre a evolução do índice das obras em carteira – verifica-se “a manutenção da trajetória de recuperação, apurando-se uma variação de -3,9% face ao período homólogo em 2022. Quanto à produção contratada em meses – diga-se o tempo assegurado de laboração a um ritmo normal de produção – os números indicam um aumento significativo, passando de 8,4 meses – registados em dezembro – para 9,2 meses em janeiro.

8 EDITORIAL Muito se tem falado sobre sustentabilidade, nomeadamente as metas a cumprir até 2030. No passado dia 10 de março, o Conselho e o Parlamento Europeu chegaram a acordo sobre uma proposta de reformulação da Diretiva Eficiência Energética (DEE), com vista a que todos os Estados-Membros contribuam para alcançar a meta global da União Europeia de redução do consumo de energia final, pelo menos, em 11,7% até 2030. São várias as medidas que pretendem acelerar a transição energética para a neutralidade carbónica em 2050, como analisam Henrique Pombeiro e Madalena Coelho da Rocha, dos Future Energy Leaders Portugal (APE), que lembram que “é fundamental que se coloquem emprática métodos e métricas precisas de quantificação das poupanças”. E já que vivemos momentos de transição, seja energética, digital ou social, António Batalha, do Portal CasA+, sugere o aproveitamento das atuais transições para adaptar e transitar os edifícios para uma verdadeira lógica de sustentabilidade, já que só 10% dos edifícios têm classes energéticas A e A+. Para agilizar as intervenções, a ADENE – Agência para a Energia desenvolveu o Portal casA+ que dispõe de uma ligação ao Sistema de Certificação Energética dos Edifícios (SCE) que permite uma fácil identificação de medidas de melhoria. A transição também pode ser aplicada ao setor da construção, nomeadamente a nível da construção sustentável, uma tendência atual e que pode tornar os edifícios mais sustentáveis e amigos do ambiente. No dossier dedicado a este tema, revelamos o que está a ser feito, o que significa construção sustentável e os critérios de construção ecológica e de eficiência energética. E por falar em eficiência energética, o dossier dedicado ao vidro, um dos materiais mais sustentáveis, revela quais os desafios que se colocam ao setor em Portugal e como a simples substituição das janelas pode ajudar a poupar energia. Destaque ainda para a entrevista com José Paulo Pinto, gestor da Tektónica, a Feira Internacional da Construção que decorre de 4 a 7 de maio na FIL, em Lisboa, e que está cada vez mais sustentável. “Tanto a Eficiência Energética, como as Energias Renováveis são os pilares da política Energética Sustentável, tema amplamente discutido e cada vez mais presente na Tektónica, não só através da participação de novas empresas com soluções inovadoras e de relevância para as metas que Portugal se propõe atingir, como na atividade mais académica e de investigação”. A revista Novoperfil é media partner e, por certo, que nos encontramos por lá. Boas leituras. Momentos de transição Saint-Gobain e FEUP juntas em projeto de impressão 3D na construção A Saint-Gobain Portugal S.A., em colaboração com o Instituto da Construção da FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, está a participar num projeto inovador de impressão 3D para a indústria da construção, relacionado com esta tecnologia de fabricação. O estudo, resultado desta parceria, visa o desenvolvimento de argamassas para impressão 3D com foco na sustentabilidade, no comportamento térmico e na reabilitação dos edifícios. Está a ser realizada uma análise de sistemas estruturais de argamassas cimentícias impressas em 3D, das ligações entre elementos 3D e da sua compatibilidade com os restantes componentes do sistema construtivo. Para este estudo estão a ser realizados casos práticos numa impressora 3D de argamassa, apta para imprimir modelos construtivos à escala real. A aquisição de uma impressora, com capacidade para elementos com um volume 3x3x6m3, assegura que soluções construtivas em 3D possam ser testadas no âmbito da utilização da tecnologia de fabrico aditivado na construção, alinhado com o objetivo de modernizar a indústria. Todos os testes estão a ser realizados com argamassas Weber 3D 160-1, como referência para desenvolvimentos futuros. O estudo está a ser desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Civil da FEUP que, tem contribuído para uma significativa melhoria do setor da construção, por via de uma estreita colaboração com a Indústria. C M Y CM MY CY CMY K

SC LINE NOVA CAIXA Homogeneidade dos acabamentos no conjunto de materiais que compõem o vão Possibilidade de combinar as tampas do compacto entre PVC e alumínio Diferentes tipos de isolamento adaptáveis a cada tipo de projeto Testeiros em ABS ou alumínio Máximo isolamento térmico e acústico para um dos compactos mais avançados do mercado +34 955 63 01 50

10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.NOVOPERFIL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER AGC e Saint-Gobain unem forças para descarbonizar a transformação do vidro plano A AGC e a Saint-Gobain, principais fabricantes mundiais de vidro plano de sustentabilidade, anunciaram que estão a colaborar no projeto de uma linha piloto inovadora de vidro plano, que deverá reduzir significativamente as emissões diretas de CO2. Como parte deste projeto de P&D, a linha de produção de vidro impresso da AGC em Barevka (República Tcheca) será completamente renovada numa linha de última geração de alto desempenho, operando com 50% de eletricidade e 50% com uma combinação de gás e oxigénio. Este é um grande avanço técnico emcomparação com a atual tecnologia de forno de vidro plano a gás natural. Será o design da linha de vidro plano mais sustentável e contribuirá para a neutralidade carbónica de ambas as empresas e para a necessária aceleração da descarbonização da indústria do vidro plano. Este desenvolvimento irá abrir caminho para a conversão de linhas industriais de vidro plano de forma a serem alimentadas principalmente por eletricidade de baixo carbono, mais eficiente do que qualquer solução a gás, com uma redução significativa das emissões de carbono em benefício dos clientes. A expectativa é de que a nova tecnologia seja implementada na linha de vidros impressos para funcionar com sucesso no segundo semestre de 2024. Segundo Davide Cappellino, presidente da Architectural Glass Europe & Americas de AGC, “para contribuir para um mundo sustentável, a AGC está empenhada em desenvolver produtos que promovam o desenvolvimento sustentável e reduzam o impacto ambiental de seus processos de produção. Seguindo o nosso progresso contínuo na descarbonização, a AGC lançou sua primeira linha de produtos de vidro de baixo carbono até o final de 2022. Agora, esta equipa de design híbrido é outro marco importante na nossa jornada Net Zero para se tornar uma empresa neutra em carbono até 2050. O design inovador será feito em conjunto com a Saint-Gobain, combinando as melhores tecnologias e conhecimento de ambas as empresas.” Fábrica de vidro impresso da AGC em Barevka (República Checa) Grupo Casais torna- -se acionista da Cree Buildings O Grupo Casais e a Cree Buildings partilham um objetivo: liderar a transição verde na construção. Agora, três anos após ter-se tornado parceiro oficial da Cree com uma implantação bem-sucedida em Portugal, o Grupo Casais reforça ainda mais a parceria estratégica ao tornar-se acionista. O Grupo Casais junta-se ao Grupo Rhomberg e ao Grupo Zech como acionista, para ajudar a moldar o futuro da Cree e impulsionar a sua implantação em Portugal e no estrangeiro. Por sua vez, a Casais beneficiará de um envolvimento ainda mais profundo com a rede global Cree e a melhoria incremental de soluções para as várias geografias. Do mesmo modo, as inovações da Casais, como o Blufab, são um complemento à atual abordagem de pré-fabricação e cadeia de fornecimento de componentes Cree. Para o fundador da Cree, Hubert Rhomberg, acolher a Casais como acionista é um passo lógico para um envolvimento estratégico mais ativo após anos de sucesso como parceiro oficial. É também um momento oportuno, com a escalada dos projetos e a plataforma digital a mostrarem uma forte trajetória ascendente para os próximos anos. “Este é um sinal claro de que as empresas estão a prestar atenção ao que estamos a fazer”, diz Rhomberg. “É mais uma confirmação de que estamos no caminho certo, e que as empresas mais inovadoras estão a tornar-se parte da família Cree”. Hubert Rhomberg com António Carlos Rodrigues e Andreas Schimmelpfennig.

indalsu.com Viva as suas melhores experiências com DOMO, os sistemas de janelas de alumínio com alma. OLHARES QUE COMBINAM COM O SEU INTERIOR UM MUNDO PARA O QUAL OLHAR

12 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.NOVOPERFIL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Chromatic recebe Prémio Cinco Estrelas Chromatic, da PPG Dyrup, é o Melhor Sistema de Afinação de Cores, galardão atribuído pelo Prémio Cinco Estrelas, pela relação qualidade-preço, intenção de compra ou recomendação, confiança e inovação. É a escolha dos profissionais de pintura, construção civil e decoração por oferecer soluções criativas e especializadas, alinhadas com as tendências de projetos sustentáveis e de forte conteúdo decorativo. Este sistema, exclusivo da PPG Dyrup, permite a afinação de milhares de cores nas múltiplas gamas de produtos, desde tintas até esmaltes, epoxys e poliuretanos. Chromatic, além de ser um sistema de afinação de cores de alta precisão, é uma marca completa de cor e inspiração, com catálogos e presença nas redes sociais, permitindo que todos possam encontrar a sua cor preferida e inspirar-se. Acessível a todos, Chromatic é elaborada por uma equipa de especialistas em cor e tendências, que disponibiliza as suas cores e tecnologias a todos os clientes. “Com a atribuição do Prémio Cinco Estrelas, celebramos o empenho e a inovação das nossas equipas, sempre dedicadas em proporcionar os melhores produtos e cores exclusivas PPG Dyrup, garantindo o sucesso de cada projeto dos nossos clientes. A nossa motivação é criar as melhores e mais sustentadas soluções que atendam às necessidades e expectativas dos nossos clientes. Juntos, alcançamos o sucesso de forma colorida e inspiracional”, refere Bruno Toscano, brand manager da PPG Dyrup. Schneider Electric no ranking de 100 Empresas Mais Sustentáveis da Corporate Knights É o 12º ano consecutivo que a empresa marca presença no ranking. Este ano ficou em primeiro lugar entre os seus pares da indústria e em sétimo lugar a nível mundial. Já foi divulgada a lista global da Global 100 das Empresas Mais Sustentáveis do Mundo em 2023 e a Schneider Electric consta da mesma. Pelo 12º ano consecutivo. Na base da presença está o “excelente desempenho nos seus compromissos climáticos e sociais – como as receitas e investimentos sustentáveis, a diversidade de género e a compensação associada à sustentabilidade”. Como explica a empresa, o Global 100 baseia-se numa avaliação rigorosa das empresas públicas com receitas superiores a mil milhões de dólares. A Schneider Electric é a única empresa da sua categoria a figurar no Global 100 todos os anos desde 2012, tendo já sido também classificada como a empresa mais sustentável do mundo em 2021. Este não é o único reconhecimento recebido pela empresa. Recentemente, a Schneider Electric recebeu as melhores classificações a nível ambiental, social e de governança (ESG) por parte da Standard & Poor's, da CDP e da Moody's ESG Solutions pelos seus impactos e boas práticas na área da sustentabilidade. Por exemplo, a Climate Strategy da Schneider Electric e o seu compromisso com a transparência ambiental foi uma das primeiras estratégias a ser validada em conformidade com o Corporate Net-Zero Standard da SBTi em meados de 2022.

13 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.NOVOPERFIL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Todas as habitações devem ter certificado E de eficiência energética até janeiro de 2030 A Comissão Europeia vai exigir que todas as casas tenham um certificado E de eficiência energética até janeiro de 2030 e D - ou melhor - até janeiro de 2033. Este requisito de Bruxelas está incluído nas Normas Mínimas de Desempenho Energético (MEPS), marcos temporais intermédios a estabelecer pelos Estados Membros para atingir o objetivo de edifícios com emissões 100% zero até 2050. Estes MEPS, que estão incluídos na nova Diretiva de Desempenho Energético de Edifícios (EPBD) - prevista para ser aprovada entre o final de 2023 e 2024 - representam um grande desafio e preveem que todos os edifícios receberão uma classificação energética A ou B a partir de 2040. Uma tarefa que não vai ser fácil para Portugal, onde quase 23% das casas que possuem certificado energético tem as classificações mais baixas (E e F). À data de recolha dos dados (dia 16 de março) havia 1.615.215 certificados energéticos de habitações emitidos pela ADENE – Agência para a Energia. Destes, cerca de 22,1% tinha classificação A e B (as melhores) e 44% possuem classificação C e D (intermédias). Para edifícios não residenciais, o MEPS propõe que em janeiro de 2030 os piores 15% do parque imobiliário sejam reabilitados e em janeiro de 2034 os próximos 10% devem ser reabilitados. Além disso, o futuro Plano Nacional de Reabilitação de Edifícios exige aos Estados Membros que definam por escrito o que é um edifício com emissões zero, o que é importante porque este é o objetivo para o qual todo o parque imobiliário se deslocará até 2050. Neste sentido, os Estados Membros podem impor obrigações aos indivíduos através de “gatilhos”, que são adaptados às características do parque imobiliário em cada país em termos de tipologia e forma de estrutura da propriedade. A EPBD também inclui o Passaporte de Renovação de Edifícios, que será obrigatório a partir do final de 2025. Introduz também o indicador de aquecimento global de um edifício, que seria obrigatório a partir de janeiro de 2027 para grandes edifícios e em 2030 para todos os edifícios. Janelas, Portas e Fachadas com www.reynaers.pt

14 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.NOVOPERFIL.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER APE apresenta jovens líderes da transição energética A Associação Portuguesa da Energia (APE) apresentou, a 27 de fevereiro, a turma dos Future Energy Leaders Portugal (FELPT) para 2023, que integra 31 jovens de elevado potencial no setor da energia. No seguimento do sucesso das edições de 2021 e 2022, foi selecionado, para alargar a turma, um conjunto de 11 jovens de elevado potencial, através de um processo de análise dos percursos profissionais e académicos de excelência das quatro dezenas de candidatos. A turma fica assim constituída por: Andreia Carreiro, Pedro Faria Gomes, Vasco Zeferina, Mário Couto, Filipe Vasconcelos Fernandes, Hugo Ribeiro, Alexandre Carvalho, João Santos-Vitor, Nelson Luis, Madalena Rocha, Inês Soares, Emanuel Delgado, Diana Rocha, Válter Rocha, Flavia Lima, José Bernardo, Inês Gaspar, Luis Bastos, Bruna Tavares, Catarina Santos, Nevin Alitja, José Sarilho, Muriel Iten, Bruno Henrique Santos, Mariana Figueiredo, Pedro Frade, Henrique Pombeiro, Ana Rita Gomes, João Gomes, Ana Sousa e Pedro Ferreira. Este alargamento irá permitir manter o trabalho dos anos anteriores, em que foram dinamizadas várias iniciativas de debate e reflexão sobre o setor energético em Portugal, organizados mais de 10 eventos, internos e externos, e publicados dezenas de artigos técnicos sobre as questões mais prementes do setor. A turma dos FELPT destaca-se pela diversidade de formações académicas e funções profissionais, cobrindo setores de atividade como Indústria, Academia, Utilities, Inovação e Desenvolvimento, Regulação, Direito e Petróleo & Gás. Os FELPT distinguem-se também por uma expressiva diversidade geográfica, cobrindo 40% dos distritos e regiões autónomas portuguesas e por incluir membros que exercem atividades profissionais além-fronteiras, em países como Espanha, Reino Unido, França e China. O evento contou com a presença do presidente da direção, João Torres, e do secretário executivo da associação, Bento de Morais Sarmento, bem como um representante do Advisory Committee, Nuno Silva, CTO da Efacec e antigo presidente dos Global FEL, programa internacional do World Energy Council. Para João Torres “importa ter lideranças esclarecidas para o futuro que estamos a construir no sector energético com desafios enormes, mas muito motivadores. Foi nesse contexto que nasceu e floresce o programa FELPT. O trabalho realizado, a atratividade do programa e a qualidade dos participantes nesta turma renovada são prova de que estamos no bom caminho”. O programa FELPT apresentou o plano de atividades para 2023, com a ambição de contribuir para a reflexão sobre o futuro do setor energético neste contexto de transição, combatendo a iliteracia energética da sociedade, capitalizando, com estes objetivos, as competências dos futuros líderes do setor, enquadrados pela APE.

Imaginamos para além dos limites na projeção de um mundo sustentável. Cada casa não são apenas quatro paredes, mas uma escolha! O alumínio é infinitamente reciclável e nunca perde as suas propriedades. Na TECHNAL, utilizamos Hydro CIRCAL®, uma liga de alumínio de qualidade superior produzida a partir de um mínimo de 75% de alumínio reciclado pós-consumo. O processo de fabrico deste alumínio é certificado por uma empresa de certificação independente (DNV-GL), e tem uma pegada de carbono 84% menor do que a utilizada na maior parte do mundo, confirmada por uma EPD. IMAGINE WHAT’S NEXT CONSTRUIR UMA CASA SEM CORTAR ÁRVORES IMAGINAR ALÉM DOS LIMITES Janelas - Portas - Fachadas www.technal.com

16 PERFIL DOSSIER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Com 2030 cada vez mais perto, o que está a ser feito para cumprir as metas europeias de sustentabilidade dos edifícios? São várias as metas definidas pela União Europeia para promover a sustentabilidade dos edifícios e 2030, um dos primeiros prazos para o cumprimento desses objetivos, começa a aproximar-se rapidamente. Falámos com especialistas que revelam o que está a ser feito em Portugal, em que medida até somos considerados um país ‘early adopter’ e os desafios que se colocam ao setor da construção. Sónia Ramalho A União Europeia (UE) definiu uma série de metas e políticas com o objetivo de promover a sustentabilidade na construção de edifícios, nomeadamente uma redução das emissões de CO2 dos edifícios em 60% até 2030 relativamente aos níveis de 2015, com o objetivo de atingir uma neutralidade climática em 2050. Outra das metas passa por uma redução em 27% no consumo de energia dos edifícios até 2030, comparativamente aos níveis de 2005, bem como um aumento do uso de fontes renováveis de energia. Ou seja, até 2030 cerca de 32% da energia usada nos edifícios deverá ser proveniente de fontes renováveis. Foi ainda estabelecida

17 PERFIL DOSSIER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA uma meta de aumentar a eficiência energética dos edifícios em 32,5% até 2030, comparativamente aos níveis de 2005 e de reduzir o consumo de energia primária dos edifícios em, pelo menos, 32,5% até 2030. COMO PASSAR DA TEORIA À PRÁTICA? Para atingir estas metas foram implementadas várias iniciativas, como a Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD), a Estratégia de Renovação Energética de Edifícios (BRES), o Programa Horizonte Europa e o Plano de Ação para a Economia Circular, que visampromover a adoção de tecnologias e práticas mais sustentáveis na construção dos edifícios, bem como incentivar a renovação e melhoria da eficiência energética dos edifícios existentes. “Os edifícios representam40%da energia consumida e 36% das emissões diretas e indiretas de gases com efeito de estufa (GEE) relacionadas com a energia na UE. O principal objetivo da revisão da diretiva de desempenho energético dos edifícios é tornar todos os novos edifícios com emissões nulas até 2030, alargando essa meta a todos os edifícios existentes até 2050”, explica João Poças Martins, R&D Diretor do Built CoLAB, o Laboratório Colaborativo para o Ambiente Construído do Futuro e que promove a transição digital e climática dos edifícios e infraestruturas, tornando-os adaptáveis, inteligentes, resilientes e sustentáveis. “Em Portugal, a Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios (ELPRE) propõe uma poupança de energia primária de 11% até 2030 e de 34% até 2050 nos edifícios e o aumento signif icativo da área renovada. Além destas medidas especificas para o setor da construção e para o ambiente construído, todos os setores económicos são responsáveis por limitar a extração de recursos naturais, mas acima de tudo por reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (entre outros). Neste caso, existemmetas globais a atingir, quer a nível Europeu (por exemplo o Pacto Ecológico Europeu), quer a nível Nacional (com a Lei de Bases do Clima)”, lembra João Poças Martins. “Dada a importância do ambiente construído na extração global de matérias-primas e nas emissões de gases de efeito de estufa, facilmente se percebe a necessidade de o setor da construção limitar tais impactos, dando o seu contributo para atingir as metas traçadas”, refere Marco Pedroso, Head of Sustainability do Built CoLAB. E EM PORTUGAL, COMO ESTAMOS A NÍVEL DE CUMPRIMENTO DE METAS? Portugal tem feito progressos na melhoria da eficiência energética dos edifícios, mas ainda há muito a ser feito para atingir as metas definidas pela UE. Segundo o relatório de 2020 da Comissão Europeia sobre o desempenho energético dos edifícios na UE, Portugal apresentou uma melhoria de 22,8% no consumo de energia em edifícios entre 2005 e 2018, um valor superior à meta nacional de 22,2% estabelecida pela UE para 2020. “Portugal tem vindo a seguir as tendências europeias, e muitas das vezes, a poder mesmo ser considerado como um ‘early adopter’ em termos de regulamentação de resíduos e de emissões de gases de efeito de estufa. No entanto, só muito recentemente o setor começou a interiorizar os conceitos de sustentabilidade ambiental e, como tal, ainda há um longo caminho a percorrer no sentido de baixar os impactos associados ao setor, dando assim o seu contributo para a diminuição global de impactos”, lembra Marco Pedroso. “A publicação do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC 2050) e do Regulamento Geral de Gestão de Resíduos (RGGR), a revisão da Estratégia Nacional das Compras Públicas Ecológicas (ENCPE), a revisão do Plano de Ação para a Economia Circular (PAEC) e a recente publicação do Plano de Ação para a Circularidade na Construção (PACCO) apresentam-se como documentos que suportam as estratégias a adotar pelos mais diversos setores, com especial ênfase no da construção. Isto demonstra os progressos que têm vindo a ser feitos, sendo expectável que se cumpram com as metas globais (com contributo do setor da construção) para 2030 e para 2050.” COMO AS FACHADAS VENTILADAS PODEM MELHORAR A PERFORMANCE TÉRMICA DO EDIFÍCIO Nos últimos tempos temos assistido a várias inovações no segmento das fachadas, nomeadamente a utilização de fachadas ventiladas. Mas emque consistem? “Fachada ventilada consiste num revestimento exterior suportado numa substrutura (normalmente sistema de perfilaria) separado da estrutura da habitação, permitindo a circulação do ar entre as duas camadas. Esta inovação ajuda a melhorar a performance térmica do edifício, aumentando a eficiência energética, e preserva a vida útil do revestimento exterior, impedindo infiltrações e acumulação de humidade”, refere Luciano Peixoto, CEO da Casa Peixoto. Além de isolar da humidade, são uma excelente barreira acústica, simples de manter, e dão a possibilidade de mudar a estética do edifício, sem recorrer a grandes obras de remodelação. A Casa Peixoto comercializa várias soluções para fachadas dos edifícios, nomeadamente as mais comuns, como o sistema ETICS, revestimentos cerâmicos ou compósitos (cimentícios, compostos de alumino, etc.).

18 DOSSIER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PERFIL COMO AUMENTAR A EFICIÊNCIA DOS EDIFÍCIOS Para alcançar essas metas é necessário continuar a investir em medidas de eficiência energética tanto para edifícios já existentes, como para novas construções. “O envelope construtivo dos edifícios (constituído por paredes, janelas e a cobertura) é responsável pela perda de calor de um edifício, sendo a intervenção em tais elementos decisiva na melhoria da eficiência energética. Aqui, dependendo do período da construção e do cumprimento da respetiva legislação vigente à época, temos em Portugal soluções construtivas muito díspares”, indica Vanessa Tavares, sustainability specialist do Built CoLAB. “No entanto, quando falamos de janelas e portas todos reconhecemos que uma parte significativa do edificado mais antigo ainda tem caixilharias de madeira com vidro simples em que, além de terem um fraco desempenho a nível de isolamento térmico, apresentam níveis demasiado elevados de permeabilidade ao ar, o que provoca perdas adicionais.” Na perspetiva da especialista, “uma vez que os fabricantes têm vindo a acompanhar estas problemáticas, desenvolvendo soluções que permitem minimizar as perdas por estes elementos, diversas estratégias poderão ser adotadas, sendo possível algumas vezes com um investimento baixo, quando não é possível ummaior investimento, recorrer à calafetagem de portas e janelas, em que as renovações de ar serão reduzidas, ao sombreamento por estores (no verão) ou, em casos ideais, a substituição por soluções de melhor desempenho”. Marco Pedroso lembra, a nível das paredes, “a aplicação de isolamento térmico pelo exterior (o denominado ETIC) e, quando tal não seja possível, a colocação de isolamento térmico pelo interior, apesar de não ser o ideal, poderá também contribuir para baixar a conta da eletricidade mantendo o conforto. Por fim, e nãomenos importante, o isolamento da cobertura é essencial para a melhoria da performance energética do edifício, reduzindo o sobreaquecimento (no Verão) e o arrefecimento (no Inverno) dos espaços e, consequentemente, aumentando o conforto e reduzindo as necessidades energéticas. Emqualquer das situações recomenda-se a avaliação por um técnico qualificado para otimizar o resultado face ao investimento efetuado.” n FACHADAS VENTILADAS COM PAINÉIS FOTOVOLTAICOS Em 2022, a STO apresentou uma novidade: fachadas ventiladas com painéis fotovoltaicos integrados. Uma solução que permite que a fachada do edifício funcione como uma central elétrica para ganhar autossuficiência e reduzir o consumo energético. “O StoVentec Photovoltaics Inlay, sistema especialmente indicado para edifícios multifamiliares, não só isola termicamente o edifício, como o transforma num gerador de eletricidade de alto rendimento, superando em quase 40% a eficiência dos modelos até agora utilizados”, indica José Neves, responsável pela STO Ibérica Portugal. "Apesar de os sistemas fotovoltaicos de fachada poderem apresentar um rendimento total anual inferior aos painéis de cobertura, têm a grande vantagem de se adaptaremmelhor à procura sazonal, já que o desempenho, comparado com as demais soluções, é maior nos meses mais frios, do outono à primavera, quando o sol está mais baixo. Além disso, a superfície útil da fachada geralmente é maior que a do telhado, especialmente em edifícios altos. Portanto, StoVentec Photovoltaics Inlay é a melhor solução para reduzir o consumo energético dos edifícios”.

COR 70 SOLUÇÃO S IMPLES , ES TÉT I CA , PRODUT I VA E COM REND IMENTO . P O S S I B I L I D A D E D E J U N T A S P R É - MON T A D A S J UN T A C E N T R A L I N C L U Í D A NO P E R F I L G R A Ç A S A UMA P O L I AM I D A C OM D E S E NHO E S P E C I A L P O S S I B I L I D A D E D E F O L H A T U B U L A R QU E P E RM I T E A U T I L I Z A Ç Ã O D E DOB R A D I Ç A S D E F I X A Ç ÃO D I R E T A Folha semi-vista Folha oculta AGILIZA A MONTAGEM JUNTAS PRÉ-MONTADAS 26% DE TEMPO DE FABRICAÇÃO E CONOM I Z A C E R C A D E

20 PERFIL DOSSIER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Novas metas para acelerar a transição energética na União Europeia O foco na eficiência energética é fundamental para alcançar as metas de sustentabilidade. Mas para potenciar o seu impacte é fundamental que se coloquem em práticas métodos e métricas precisas de quantificação das poupanças. Neste artigo ficamos a conhecer essas metas e as principais alterações introduzidas à Diretiva da Eficiência Energética (DEE). No passado dia 10 de março, o Conselho e o Parlamento Europeu chegaram a acordo sobre uma proposta de reformulação da Diretiva Eficiência Energética (DEE)1, com vista a que todos os Estados-Membros contribuam para alcançar a meta global da União Europeia de redução do consumo de energia final, pelomenos, em 11,7% até 2030, em comparação com as previsões de consumo de energia para 2030 efetuadas em 2020 – previa-se uma redução do consumo de energia primária de 32,5% até 2030. Este contributo encontra-se previsto no âmbito do pacote «Objetivo 55»2, através da definição de contribuições nacionais indicativas nos planos nacionais de energia e clima (PNEC), que deverão ser atualizados em 2023 e 2024. Entre as principais alterações introduzidas na DEE, destacam-se: • A introdução de um mecanismo de correção de divergências: a fórmula de cálculo das contribuições nacionais para a meta será indicativa, havendo uma possibilidade de desvio de 2,5% mas, caso não seja cumprida a meta global de 11,7%, a Comissão aplicará correções às contribuições nacionais; • A contabilização pelos Estados- -Membros, no cálculo da meta, das economias de energia resultantes da adoção de medidas estratégicas ao abrigo da Diretiva Desempenho Energético dos Edifícios, das medidas decorrentes do CELE (para instalações, edifícios e transportes), e das medidas de emergência no domínio da energia (tais como o Plano REPowerEU); • Especif icamente para o setor público, a obrigação de alcançar uma redução do consumo anual de energia de 1,9% que pode excluir os transportes públicos e as forças armadas, bem como a obrigação de renovar anualmente, pelomenos, 3% da área total dos edifícios detidos por organismos públicos. Estas medidas pretendem acelerar a transição energética para a neutralidade carbónica em 2050, colocando em 55% a meta de redução da emissão de gases de efeito de estufa em 2030, em comparação com os níveis registados em 1990. De facto, a eficiência energética é um dos pilares das políticas de sustentabilidade, sendo considerada amedida com o maior rácio impacte/investimento. Henrique Pombeiro | Madalena Coelho da Rocha Future Energy Leaders Portugal/Associação Portuguesa da Energia

“Os Estados-Membros devem assegurar coletivamente uma redução do consumo de energia final de, pelo menos, 11,7 % em 2030, em comparação com as previsões de consumo de energia para 2030 efetuadas em 2020” 21 PERFIL DOSSIER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM QUE CONSISTE A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA? Eficiência energética consiste em concretizar o mesmo serviço utilizando menos recursos energéticos. Um exemplo simples é a não utilização de equipamentos de climatização quando o mesmo nível de conforto térmico puder ser alcançado, por exemplo, com uma gestão de abertura/fecho de janelas/persianas, evitando-se, deste modo, a utilização de energia final para esse fim. No entanto, dada a natureza comportamental deste tipo de ações, torna-se extremamente difícil quantificar impactes de medidas de eficiência energética. Tipicamente, a quantificação do impacte resulta da comparação do consumo medido com o consumo expectável que, por seu lado, resulta de uma modelação energética que terá sempre um erro associado. Para que se consigam quantificar esses impactes, terá de existir uma infraestrutura de monitorização que proporcione esses dados. Nesse sentido, a DEE prevê a instalação de contadores inteligentes em todos os clientes finais dos EstadosMembro até 2024. Em Portugal, estes contadores providenciam dados de consumo elétrico com uma resolução temporal de 15 minutos, dando, deste modo, uma oportunidade da criação de uma série de serviços, adequados ao consumo específico de cada cliente, que o encorajem a ter comportamentos de consumo mais eficientes. Estes comportamentos são dependentes não apenas de uma elevada literacia energética dos consumidores, mas também da sensibilização e confiança nos impactes reais resultantes das suas iniciativas individuais. O foco na ef iciência energética é fundamental para alcançar as metas de sustentabilidade preconizadas. Contudo, e para potenciar o seu impacte, é fundamental que se coloquem em práticas métodos e métricas precisas de quantificação das poupanças, bem como estratégias de sensibilização de todos os cidadãos e dos agentes decisores. n 1 Diretiva 2012/27/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de outubro de 2012, relativa à eficiência energética, que altera as Diretivas 2009/125/CE e 2010/30/UE e revoga as Diretivas 2004/8/CE e 2006/32/CE. 2 O programa de trabalho da Comissão Europeia para 2021 – Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões – Programa de Trabalho da Comissão 2021 – Uma União vital num mundo fragilizado [COM (2020) 690 final] – anunciou o pacote “Objetivo 55” que visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55 % até 2030 e alcançar uma União Europeia com impacto neutro no clima até 2050. 3 Diretiva 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de maio de 2010, relativa ao desempenho energético dos edifícios, na sua versão atual reformulada a 1 de janeiro de 2021. 4 Diretiva 2003/87/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de outubro de 2003, relativa à criação de um sistema de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa na União e que altera a Diretiva 96/61/CE do Conselho, na sua atual versão reformulada a 21 de janeiro de 2023. 5 Plano REPowerEU apresentado pela Comissão Europeia a 18 de maio de 2022, para reduzir rapidamente a dependência dos combustíveis fósseis russos e acelerar a transição ecológica.

22 PERFIL DOSSIER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA O longo caminho para um edificado renovado e preparado para o futuro em Portugal Pedro Palma | João Pedro Gouveia CENSE - Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa Todos os anos, repete-se o mesmo. Com a chegada dos primeiros dias de outono, multiplicam-se as notícias na comunicação social dando conta de que grande parte dos portugueses passa frio em casa e não tem recursos para aquecer devidamente as suas habitações, e que Portugal apresenta os piores indicadores de pobreza energética da União Europeia [1,2]. Passa o inverno e o problema cai no esquecimento até o regresso de dias mais frios nos relembrarem que ele continua bem presente e por resolver. O problema crónico de desconforto térmico nas habitações tem sérias consequências para o bem-estar e saúde da população [3]. Embora a atenção mediática sobre este problema se concentre principalmente na época fria, a verdade é que também no verão grande parte da população tem dificuldade em manter uma temperatura confortável na sua casa [4]. Uma das principais causas da pobreza energética é o baixo desempenho energético do edificado residencial. No Pacto Verde Ecológico, a Comissão

23 PERFIL DOSSIER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Europeia destaca a necessidade de alavancar a renovação do edificado, para combater a pobreza energética, mas tambémpara aumentar a eficiência energética e reduzir emissões de gases com efeito de estufa [5]. Foi aprovado, em 2021, um conjunto de propostas designado “Objetivo 55” (Fit-for-55) para atualizar a legislação em vigor e assegurar a sua consonância com a nova meta de redução até 2030 de, pelomenos, 55%das emissões de gases gases com efeito de estufa em relação a 1990 e a neutralidade climática em 2050 [6]. Um dos objetivos deste pacote legislativo é precisamente potenciar a transição ecológica dos edifícios, tendo resultado numa proposta de revisão da diretiva do desempenho energético dos edifícios. Esta revisão, igualmente delineada na estratégia “Renovation Wave” de 2020 [7], tem como objetivo principal acelerar as taxas de renovação do edificado, definindo standards mínimos de desempenho energético, um passaporte de renovação e uma revisão dos certificados energéticos para aumentar a sua qualidade e comparabilidade. Considerando todo o tipo de renovação energética, a taxa de renovação média ponderada na União Europeia situa-se abaixo dos 1%, sendo que o objetivo definido é, no mínimo, duplicar estas taxas [8], com vista ao cumprimento das metas energéticas e climáticas definidas. A REALIDADE PORTUGUESA Em Portugal temos edifícios antigos, mal preparados e com baixo desempenho térmico, cerca de 67% dos edifícios residenciais certificados têm classe energética C ou inferior [9]. Considerando que os certificados são, na sua maioria, de alojamentos novos ou que entram no mercado (venda e arrendamento), é expectável que o nosso parque habitacional tenha um desempenho energético ainda pior. A renovação apresenta-se assim com uma solução premente, tal como extensivamente destacado em todas as principais estratégias políticas na área da energia e clima, nomeadamente o Plano Nacional de Energia e Clima 2030, a Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios, o Roteiro Nacional para a Neutralidade Carbónica 2050 e igualmente na versão preliminar da Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2022-2050. Não obstante, a taxa nacional de renovação profunda dos edifícios em Portugal situa-se apenas nos 0,1% por ano [10], abaixo da taxa média na União Europeia [7] e longe das metas europeias. Diversas barreiras à renovação do edificado serão responsáveis por esta taxa reduzida, como a falta de consciencialização, informação e literacia sobre o problema, conflito de incentivos entre proprietários e arrendatários, programas de apoio pouco eficazes, entre outras, mas a falta de financiamento e fundos necessários para a renovação é possivelmente a mais relevante e prevalente. Com isto coloca-se a importante questão: quanto custará a renovação do nosso edificado para condições que proporcionem conforto térmico aos seus ocupantes e que medidas serão mais eficazes nas diferentes regiões do país? UM ESTUDO COM VÁRIOS CENÁRIOS No âmbito de um trabalho de investigação [11] desenvolvido no CENSE, FCT-NOVA promovemos um estudo com o objetivo de responder precisamente a esta questão. Utilizando dados de cerca de meio milhão de certificados energéticos para caracterização do parque habitacional em 264 tipologias de habitações, e uma base de dados com preços e desempenho térmico das diferentes soluções de renovação oferecidas pelo mercado, calculámos o custo da renovação de todo o edificado residencial ocupado e de primeira residência. Foram analisados três cenários diferentes, com variações no tipo de intervenção, magnitude do investimento e desempenho energético final das habitações. Todos os cenários asseguram a melhoria necessária do desempenho energético dos alojamentos que garante o nível adequado de conforto térmico, tal como definido no atual regulamento do desempenho energético dos edifícios residenciais. Dois cenários considerammedidas de preço mais reduzido que cumprem os requisitos do regulamento, cuja diferença entre ambos se prende com o isolamento das paredes (exterior ou interior). O terceiro cenário considera as medidas com o melhor desempenho energético disponível no mercado. O estudo identifica também quais as medidas mais custo-eficazes, ou seja, que permitem reduzir emmaior grau as necessidades de energia para aquecimento e arrefecimento dos alojamentos por euro investido, por região NUTS3, e por tipologia de edifício. MEDIDAS MAIS CUSTOEFICAZES E QUANTO CUSTA A RENOVAÇÃO? A renovação das coberturas surge como a medida mais custo-eficaz, com um valor de redução de necessidades de aquecimento entre 2,5 e 3,4 kWh/€ e entre 0,6 e 0,8 kWh/€ das necessidades de arrefecimento. Não sendo tão custo-eficaz, a instalação de isolamento nas paredes e substituição de janelas pode igualmente resultar numa redução significativa das necessidades de energia dos edifícios. A renovação das paredes poderá permitir reduções das necessidades de aquecimento entre 35%e 43%, mas não assegura reduções das necessidades de arrefecimento. A substituição das janelas pode resultar numa redução das necessidades de aquecimento até

24 PERFIL DOSSIER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 6,3% e de arrefecimento até 15,7%, se a solução de melhor desempenho térmico - janelas de caixilho de alumínio com corte térmico e envidraçado de baixa emissividade - for a adotada. Os mapas dos valores de custo eficácia de redução das necessidades energéticas de aquecimento e arrefecimento para os cenários de renovação total (paredes, cobertura e janelas), para um alojamento médio, são apresentados na Figura 1 e Figura 2, respetivamente. Verifica-se que a renovação profunda tem, de forma geral, melhor custo-eficácia para a redução de necessidades de energia para aquecimento em regiões do norte interior e do sul interior para redução de necessidades de energia no Verão. Em relação ao investimento total necessário, os resultados apontam para um valor necessário a rondar os 72 mil milhões de euros, sem considerar taxas de desconto, para a renovação profunda do edificado residencial. A aplicação das melhores medidas de mercado resultaria num valor potencial de investimento na ordem dos 100 mil milhões de euros. Figura 2 - Custo-eficácia dos diferentes cenários de renovação total para redução das necessidades de arrefecimento (esquerda – melhores medidas; centro – medidas mais baratas com isolamento de paredes pelo interior; C - medidas mais baratas com isolamento de paredes pelo exterior). arrefecimento para os cenários de renovação total (paredes, cobertura e janelas), para um alojamento médio, são apresentados na Figura 1 e Figura 2. Verifica-se que a renovação profunda tem, de forma geral, melhor custo-eficácia para a redução de necessidades de energia para aquecimento em regiões do norte interior e do sul interior para redução de necessidades de energia no Verão. Figura 1 – Custo-eficácia dos diferentes cenários de renovação total para redução das necessidades de aquecimento (esquerda – melhores medidas; centro – medidas mais baratas com isolamento de paredes pelo interior; C - medidas mais baratas com isolamento de paredes pelo exterior) Figura 2 - Custo- ficácia dos diferentes cenário de r vação total para redução das necessidades de arrefecimento (esquerda – melhores medidas; centro – medidas mais baratas com isolamento de paredes pelo interior; C - medidas mais baratas com isolamento de paredes pelo exterior). Em relação ao investimento t tal ecessário, os resultados apontam para um valor necessário a rondar os €72 mil milhões de euros, sem considerar taxas de desconto, para a renovação profunda do edificado residencial. A aplicação das melhores medidas de mercado resultaria num valor potencial e investimento na ordem dos €100 mil milhões de euros. Estes valores são montantes muito significativos que ultrapassam em larga escala os €300 milhões de euros atualmente alocados no Fundo de Resiliência e Regiões NUTS3: 1 - Alentejo Central; 2 - Alentejo Litoral; 3 – Algarve; 4 - Alto Alentejo; 5 - Alto Minho; 6 - Alto Tâmega; 7 - Área Metropolitana de Lisboa; 8 - Área Metropolitana do Porto; 9 – Ave; 10 - Baixo Alentejo; 11 - Beira Baixa; 12 - Beiras e Serra da Estrela; 13 – Cávado; 14 – Douro; 15 - Lezíria do Tejo; 16 - Médio Tejo; 17 – Oeste; 18 - Região Autónoma da Madeira; 19 - Região de Aveiro; 20 - Região de Coimbra; 21 - Região de Leiria; 22 - Tâmega e Sousa; 23 - Terras de Trás-os-Montes; 24 - Viseu Dão Lafões Regiões NUTS3: 1 - Alentejo Central; 2 - Alentejo Litoral; 3 – Algarve; 4 - Alto Alentejo; 5 - Alto Minho; 6 - Alto Tâmega; 7 - Área Metropolitana de Lisboa; 8 - Área Metropolitana do Porto; 9 – Ave; 10 - Baixo Alentejo; 11 - Beira Baixa; 12 - Beiras e Serra da Estrela; 13 – Cávado; 14 – Douro; 15 - Lezíria do Tejo; 16 - Médio Tejo; 17 – Oeste; 18 - Região Autónoma da Madeira; 19 - Região de Aveiro; 20 - Região de Coimbra; 21 - Região de Leiria; 22 - Tâmega e Sousa; 23 - Terras de Trás-os-Montes; 24 - Viseu Dão Lafões Figura 1 – Custo-eficácia dos diferentes cenário d renovação total p ra redução das necessidades de aqu cimento (esquerda – melhores medidas; centro – medida ais baratas com isolamento de p redes pelo interior; C - medidas mais baratas com isolamento de paredes pelo exterior). arrefeci ento para os cenários de renovação total (p red s, cobertura e janelas), para um alojamento médio, são apresentados na Figura 1 e Figura 2. Verifica-se que a renovação profunda tem, de forma geral, elhor custo-eficácia para a redução de necessidades de energia para aquecimento em regiões do norte interior e do sul interior para redução de necessidades de energia no Verão. Figura 1 – Custo-eficácia dos diferentes cenários de renovação total para redução das necessidades de aquecimento (esquerda – elhores medidas; centro – e i s ais baratas com isola ento de paredes pelo interior; C - medidas mais baratas com isolamento de pare s l t ri r) Figura 2 - Custo-eficácia dos diferentes cenários de renovação total para redução das necessidades de arrefecimento (esquerda – melhores medidas; centro – medidas mais baratas com isolamento de paredes pelo interior; C - medidas mais baratas com isolamento de paredes pelo exterior). Em relação ao investimento total nec ssário, os resultados apontam para um val r necessário a rondar os €72 mil milhões de euros, sem considerar taxas de desconto, para a renovação profunda do edificado residencial. A aplicação das melhores medidas de mercado resultaria num valor potencial de investimento na ordem dos €100 mil milhões de euros. Estes valores são montantes muito significativos que ultrapassam em larga escala os €300 milhões de euros atualmente alocados no Fundo de Resiliência e Regiões NUTS3: 1 - Alentejo Central; 2 - Alentejo Litoral; 3 – Algarve; 4 - Alto Alentejo; 5 - Alto Minho; 6 - Alto Tâmega; 7 - Área Metropolitana de Lisboa; 8 - Área Metropolitana do Porto; 9 – Ave; 10 - Baixo Alentejo; 11 - Beira Baixa; 12 - Beiras e Serra da Estrela; 13 – Cávado; 14 – Douro; 15 - Lezíria d ejo; 16 - Médio Tejo; 17 – Oeste; 18 - Região Autónoma da Madeira; 19 - Região de Aveiro; 20 - Região de Coimbra; 1 - Região d Leiri ; 22 - Tâmega e Sousa; 23 - Terras de Trás-os-Montes; 24 - Viseu Dã Lafões Regiões NUTS3: 1 - Alentejo Central; 2 - Alentejo Litoral; 3 – Algarve; 4 - Alto Alentejo; 5 - Alto Minho; 6 - Alto Tâmega; 7 - Área Metropolitana de Lisboa; 8 - Área Metropolitana do Porto; 9 – Ave; 10 - Baixo Alentejo; 11 - Beira Baixa; 12 - Beiras e Serra da Estrela; 13 – Cávado; 14 – Douro; 15 - Lezíria do Tejo; 16 - Médio Tejo; 17 – Oeste; 18 - Região Autónoma da Madeira; 19 - Região de Aveiro; 20 - Região de Coimbra; 21 - Região de Leiria; 22 - Tâmega e Sousa; 23 - Terras de Trás-os-Montes; 24 - Viseu Dão Lafões

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx